Fernando Pinto ameaça com processo disciplinar a quem não cumprir requisição
Porto Canal
O presidente da TAP, Fernando Pinto, enviou hoje uma carta aos trabalhadores do grupo no qual ameaça avançar com um processo disciplinar caso estes não cumpram a requisição civil aprovada pelo Governo durante a greve.
“Em caso de não comparência à prestação de trabalho ou, por qualquer outra forma, de não cumprimento da requisição civil pelo trabalhador a ela sujeito, será de imediato determinada a instauração de processo de inquérito, para apuramento rigoroso das causas e circunstâncias do incumprimento e, se for caso disso, de instauração de processo disciplinar”, lê-se na carta de Fernando Pinto entretanto enviada aos trabalhadores e à qual a Lusa teve acesso.
Segundo o responsável, a medida adotada pelo Governo pretende “garantir o regular funcionamento da atividade de transporte aéreo desenvolvida pelo Grupo TAP”, sendo abrangidos pela requisição civil “todos os trabalhadores que, nos dias indicados, estão afetos às áreas e serviços que servem e asseguram essa atividade na sua totalidade”.
Fernando Pinto refere que cabe aos conselhos de administração de cada empresa “identificar todas as áreas ou serviços das respetivas empresas cujo funcionamento não é condicionante nem necessário para assegurar o normal funcionamento da atividade de transporte aéreo, na sua totalidade, nos dias 27, 28, 29 e 30 de dezembro próximo”.
Assim, estão requisitados “todos os trabalhadores de cada empresa, das restantes áreas e serviços que, para os dias 27, 28, 29 e 30 de dezembro, se achem escalados, pelo respetivo planeamento, para a realização de serviços de voo (…) ou que, pelos respetivos horários, devam, nesses mesmos dias, prestar o seu trabalho”.
Ainda na carta, o presidente da transportadora explica que a requisição civil assenta “na necessidade de, em circunstâncias particularmente graves, se assegurar o regular funcionamento de serviços essenciais de interesse público ou de setores vitais da economia nacional”.
Ao final da tarde de hoje, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) considerou que o Governo “tem de conformar-se” com a decisão do Tribunal Arbitral, pelo que os serviços mínimos prevalecem sobre a requisição civil que será “judicialmente impugnada”.
O SPAC afirma que “vai respeitar e cumprir a decisão do Tribunal Arbitral, assim como o Governo e a TAP estão obrigados a cumprir as decisões dos tribunais”, ou seja, serão cumpridos os serviços mínimos que prevalecem sobre a requisição civil.
O ministro da Economia anunciou na quinta-feira passada que o Governo decidiu decretar uma requisição civil dos trabalhadores da TAP para minimizar o impacto da greve dos dias 27 a 30 deste mês.
A requisição civil abrange cerca de 70% dos trabalhadores da TAP, permitindo realizar todos os voos previstos para os quatro dias da greve.