Governo diz que "os sindicatos não estão interessados em suspender a greve" na TAP
Porto Canal
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou hoje que os sindicatos da TAP "não estão interessados em suspender o pré-aviso de greve que afetará muitas famílias", o que "o Governo lamenta profundamente".
Numa breve declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, o governante lamentou "a forma como, 72 horas após a reunião [entre a plataforma de sindicatos e o Governo], se procurou condicionar a constituição do grupo de trabalho, pretendendo que o Governo suspenda o processo de privatização, o que nunca esteve em causa".
"Revela que os sindicatos não estão interessados em qualquer negociação e pretendem avançar com a greve na quadra natalícia", afirmou Sérgio Monteiro, numa declaração no Ministério da Economia, em Lisboa.
A plataforma de sindicatos da TAP propôs na segunda-feira ao Governo a suspensão do processo de reprivatização até à conclusão de 12 processos negociais, que elencaram no memorando entregue ao executivo como condição para cancelar a greve.
Sérgio Monteiro lamentou "esta decisão dos sindicatos da TAP", considerando que "a greve de quatro dias convocada para o período do Natal e Ano Novo é altamente lesiva do interesse económico de Portugal, da TAP e, sobretudo, das famílias portuguesas que se querem juntar nesta quadra festiva”.
O governante recordou que na reunião de sexta-feira foi apresentada uma proposta aos representantes dos sindicatos para integrarem um grupo de trabalho com o Ministério da Economia, tendo em vista "aproximar pontos de vista e permitir o diálogo construtivo entre as partes a tempo de poder influenciar positivamente a constituição do caderno de encargos que norteará a privatização e que será aprovado pelo Governo em janeiro de 2015".
"Passaram três dias e os sindicatos dos trabalhadores da TAP rejeitaram a proposta e fizeram chegar um caderno de encargos negocial que fere a aproximação e entendimento", afirmou.
O primeiro ponto do memorando pede a "suspensão do processo de reprivatização e da greve, convocada para os dias 27 a 30 de dezembro do corrente ano, até à conclusão dos processos negociais".
De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, o pedido de suspensão do processo de privatização, decidido em novembro, é temporário até estarem concluídas negociações com vista à salvaguarda dos direitos dos trabalhadores, como a reposição de todos os acordos de empresa em vigor nesta data, a definição de mecanismos de proteção do perímetro empresarial do grupo TAP e a instituição de mecanismos de proteção das antiguidades.
Entretanto, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) abandonou a plataforma sindical da TAP por discordar do documento que foi entregue ao Governo e que "abre a porta" à privatização da transportadora, segundo uma nota interna da estrutura sindical.
Na nota, a que a Lusa teve acesso, o SNPVAC comunica aos seus associados a saída da plataforma, após "muitas horas de reunião", por considerar que o documento enviado ao Governo "abre a porta a uma privatização" que o sindicato não defende.
Os 12 sindicatos que representam os trabalhadores da TAP – grupo que entretanto o SNPVAC abandonou - convocaram uma greve de quatro dias, entre 27 e 30 de dezembro, na sequência da recusa do Governo de suspender a privatização da companhia aérea.