Lisboa, 09 dez (Lusa) - O antigo presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, esteve hoje mais de dez horas a ser ouvido na comissão de inquérito à gestão do banco, tendo elogiado deputados e até recomendado livros da área económica.

Na audição mais concorrida da comissão - e também a mais esperada - Salgado começou a falar perante os deputados pelas 09:00 e terminou somente pelas 19:15, apenas com uma pequena pausa de 30 minutos pelo meio, para almoço.

Dezenas de jornalistas, incluindo operadores de câmara e fotógrafos, e até equipas de órgãos internacionais, casos da espanhola TVE, acompanharam a audição do antigo banqueiro.

Salgado falou sobre vários temas e chegou inclusive a elogiar deputados - casos de Carlos Abreu Amorim (PSD) e Mariana Mortágua (BE) - e a recomendar livros do foro económico para os parlamentares consultarem.

"Cinco minutos e voltamos a reunir", disse o presidente da comissão, o deputado do PSD Fernando Negrão, no final da audição do histórico banqueiro.

Negrão antecipava a vinda de José Maria Ricciardi à sala 6 das audições parlamentares, sendo que a intervenção do presidente do BESI estava inicialmente agendada para as 15:00, mas com o atraso dos trabalhos começou cerca das 19:30.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Será também avaliado, por exemplo, o funcionamento do sistema financeiro e o "processo e as condições de aplicação da medida de resolução do BdP" para o BES e a "eventual utilização, direta ou indireta, imediata ou a prazo, de dinheiros públicos".

A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'bad bank' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

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