Municípios estão contra a proposta do OE 2015 do Governo

Municípios estão contra a proposta do OE 2015 do Governo
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Porto Canal

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) está em “clara e inequívoca” discordância com o Orçamento do Estado para 2015 (OE2015), por este não cumprir o acordo estabelecido entre aquela organização e o Governo.

O Conselho Diretivo da ANMP aprovou hoje “uma posição clara e inequívoca de discordância” com a proposta de lei OE2015, apresentada pelo Governo” na Assembleia da República (AR), afirmou o presidente da associação, Manuel Machado, que falava aos jornalistas, em Coimbra, depois de ter participado numa reunião daquele órgão.

A discordância dos municípios com a proposta do Governo “assenta, desde logo, na constatação do incumprimento do acordo assinado” pelo executivo e pela ANMP em julho deste ano, sublinhou Manuel Machado, adiantando que a associação vai expor as suas razões aos órgãos de soberania, designadamente à AR, através de “todos os grupos parlamentares”.

Na sua proposta de OE, ao propor “um infundado limite de 35% de despesas com pessoal, que retira qualquer margem de gestão autónoma a mais de dois terços dos municípios”, o Governo não cumpre o acordado com a ANMP, exemplificou Manuel Machado.

O Governo também “incumpre” o acordo, ao impor “limitações especiais de gestão para um conjunto de municípios que não se encontram sequer em situação de saneamento ou rutura”, embora isso tenha sido “claramente acordado que não aconteceria”, sustenta o líder da ANMP.

O acordo entre a ANMP e o Governo é também “incumprido” porque, “no âmbito da ‘reforma da fiscalidade verde’, é inexistente qualquer medida relativa à redução para a taxa mínima do IVA [imposto de valor acrescentado] aplicável à iluminação pública”, salienta o Conselho Diretivo (CD) da Associação de Municípios.

Com esta proposta de OE2015, o Governo só cumpre “a breve alteração à ‘lei dos compromissos e pagamentos em atraso’, apenas no que se refere aos prazos e montantes relativos às despesas urgentes e inadiáveis”, sintetiza o líder da ANMP.

Além disso, a proposta de Orçamento acentua a tendência, “já verificada nos últimos anos, de agravamento das restrições à autonomia e gestão do poder local”, constitucionalmente consagrada, salienta a ANMP, considerando que foi essa tendência que conduziu os municípios a uma situação de “sucessivas impossibilidades de resposta e de diminuição da qualidade dos serviços prestados às populações”.

Mas o próprio relatório do OE2015 “constata que os riscos associáveis aos municípios são cada vez menores” e que a “redução do stock de pagamentos em atraso passou de 1.613 milhões de euros, no final de 2011, para 670 milhões de euros, no final de 2013”, salientou Manuel Machado.

O mesmo relatório prevê para 2015 “um saldo orçamental excedentário da administração regional e local de 698 milhões de euros” e um “excedente positivo de 825 milhões de euros”.

Para 2014, a administração local apresenta um “saldo orçamental positivo” para a administração local de 696 milhões de euros, “superior em 364 milhões de euros ao excedente registado em 2013”.

Os municípios apresentam, assim, indicadores “muito favoráveis”, que contribuem com um ‘superavit’, cobrindo mesmo “uma parte do défice da administração central”, conclui o presidente da ANMP, defendendo que, “perante o reconhecimento, por parte do Governo, desta situação, “ainda menos se justifica a continuação do recurso a políticas de condicionamento” e “intromissão na gestão municipal”, como as constantes no OE2015.

Mas a ANMP “saberá retirar consequências políticas deste incumprimento” por parte do Governo, assegura Manuel Machado, sublinhando que tanto o executivo como a Associação de Municípios “deram a sua palavra e a sua assinatura” (o Governo através dos ministros adjunto e do Desenvolvimento Regional e das Finanças, Poiares Maduro e Maria Luís Albuquerque, respetivamente).

Na sua próxima reunião, agendada para 11 de novembro, o Conselho Geral da ANMP também vai debater a proposta de OE2015.

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