Ébola: Abate de cão não serviu ao animal, à família, nem à ciência - Veterinários

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 09 out (Lusa) -- A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários considera que o abate do cão da enfermeira espanhola que está infetada com o vírus do Ébola "não levou em conta a vida do animal, o interesse da ciência, nem da saúde pública".

"Eliminou-se um animal que podia ter sido uma fonte de informação para ajudar o homem a conhecer a alegada transmissão cão-homem, já que se sabe que o homem transmite a doença ao animal -- nomeadamente quando o canídeo se alimenta de cadáveres infetados --, mas não se o contrário é possível", disse Laurentina Pedroso à agência Lusa.

A bastonária considerou "precipitado" o abate de Excalibur, o cão de uma auxiliar de enfermagem espanhola infetada com o vírus Ébola, morto quarta-feira por decisão das autoridades espanholas, por alegadamente apresentar "um risco de transmissão da doença ao homem".

Laurentina Pedroso recordou que, até hoje, o que se conhece reporta-se à realidade africana, onde os cães são infetados quando se alimentam erradamente de cadáveres de doentes.

"O cão pode entrar em contacto com o vírus e pode ser um portador assintomático do vírus", disse a veterinária, sublinhando que se desconhece se o cão transmite o vírus ao homem e de que forma.

Laurentina Pedroso entende as preocupações das autoridades, mas considera a decisão "muito rápida" e, por isso, "negativa".

"Não quer dizer que a eutanásia não fosse a solução adotada posteriormente, mas o cão podia ter ficado em sequestro para ser estudada a via e transmissão animal para humano", adiantou.

Para a bastonária, o abate deste cão "não serviu ao animal, à família, nem a ciência".

O abate do cão provocou manifestações de defensores da causa animal na capital espanhola e uma petição que defendia a sua colocação em quarentena, em vez da morte, a qual recolheu 374 mil assinaturas.

Na terça-feira passada, o Departamento de Saúde da comunidade madrilena argumentara que a informação existente mostra que "os cães podem ser portadores do vírus mesmo sem terem sintomas".

A dona do animal, de 44 anos, foi hospitalizada na segunda-feira depois de se ter detetado que estava infetada com o Ébola.

A auxiliar de enfermagem fazia parte da equipa médica que tratou dois missionários espanhóis infetados com o vírus e repatriados de África, que morreram, respetivamente, em 12 de agosto e 25 de setembro passados.

Em Espanha, depois de se ter confirmado o primeiro caso de contágio na Europa e fora de África, além da auxiliar de enfermagem infetada estão internadas sob observação outras cinco pessoas.

A febre hemorrágica ébola já matou mais de 3.500 pessoas na África Ocidental dos 7.478 casos registados em cinco países (Serra Leoa, Guiné-Conakry, Libéria, Nigéria e Senegal), segundo o último balanço divulgado pela Organização Mundial de Saúde, com dados até a 01 de outubro, publicado na sexta-feira em Genebra.

O vírus do Ébola transmite-se por contacto direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados.

SMM // SO

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