Especial Eleições Galiza: “Galego não é Espanhol”

Especial Eleições Galiza: “Galego não é Espanhol”
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Henrique Ferreira

Este texto é parte integrante da Grande Reportagem do Porto Canal “Galiza: Espelho da Autonomia”, publicada a 16 de Março de 2023.

Ainda em Santiago de Compostela, partimos agora à descoberta do carácter identitário de que tanto se fala na Galiza. A verdade é que a cultura está por todo o lado, assim como o património e a tradição. No centro da cidade destaca-se a catedral que, todos anos, é local de visita obrigatório para milhares de peregrinos vindos de todos os cantos do mundo. Mas o que chama mais à atenção na região? O galego, a língua própria da Comunidade Autónoma.

E se antes o galego estava circunscrito aos cerca de 29 mil quilómetros quadrados do território da Galiza, agora dá-se a conhecer ao mundo através da internet e das redes sociais. No Tiktok e no Instagram o DígochoEu, uma rúbrica da TV Galiza dedicada à defesa da língua galega, conta com quase meio milhão de seguidores, muitos deles portugueses. Esther Estévez, a jovem apresentadora do programa, transformou-se numa autêntica estrela e já tem fãs um pouco por todo o mundo.

“Era um projeto muito pequenino e, apesar de ser agora algo que tem êxito, não esperávamos que tivesse esta dimensão”, conta Esther, que com apenas 25 anos é já uma das caras mais conhecidas da emissora pública galega.

O objetivo do DígochoEu é aprender galego e não deixar que a língua caia em desuso. O público são sobretudo as crianças e adolescentes que, diariamente, são inundados com conteúdo em castelhano.

“O mais bonito foi quando começámos a chegar às escolas, tanto de forma virtual com os vídeos que são usados pelos professores nas aulas, como com as nossas visitas presenciais, que começaram há cerca de um ano. É muito gratificante”, afirma Esther.
Os vídeos curtos focam-se essencialmente em determinadas palavras e expressões características da língua galega, realçando as diferenças e as semelhanças com o castelhano e com o português.

Segundo a Real Academia Galega, dos cerca de 2,7 milhões de habitantes da Galiza, mais de dois milhões falam galego. Apesar disso, o idioma continua a ser mais ouvido nas zonas rurais e está cada vez mais disperso nas grandes cidades.

Aliás, foi a ligação à língua portuguesa que levou o DígochoEu para fora de portas. “Estamos aqui ao lado, e é engraçado porque há muita coisa igual, mas também muita que é completamente diferente”, explica Esther.

Essa dicotomia levou a que dentro da rubrica nascesse um pequeno espaço chamado “Apontamento Lusófono”. A ideia partiu de Carlos Amado, diretor do programa que foi, no final dos anos 90, jornalista correspondente no Porto. O objetivo era chegar ao público português, sobretudo o que vive na região Norte, mas correu tão bem que o projeto atravessou um oceano e começou a ser visto no Brasil.

Porto Canal

“TV Galicia é um agente de divulgação da língua Galega”

A maioria dos conteúdos do DígochoEu são gravados nas instalações da TV Galiza, em São Marcos, nos arredores de Santiago de Compostela. Nos corredores, nota-se a agitação normal de um canal que cresceu de forma explosiva nos últimos quase 40 anos e que se tornou referência no panorama audiovisual espanhol.

“O nascimento da rádio e da televisão da Galiza mudou tudo, porque os galegos não estavam habituados a ouvir a sua língua nos meios de comunicação”, explica Carlos Amado, que além de diretor do programa de Esther Estévez é um dos coordenadores de informação do canal. “Foi um agente normalizador da língua brutal”, remata.

A corporação de Rádio e Televisão da Galiza iniciou as suas emissões em julho de 1985, com a exibição de uma curta-metragem dobrada em galego. Depois de um período experimental em que transmitia 39 horas por semana, arrancou 24 horas por dia e nunca mais parou. 80% dos conteúdos emitidos são agora oriundos de produção independente.
Uma das suas principais missões é proteger a língua galega, que apesar de já não captar o interesse dos mais jovens como antigamente, não deverá ficar ameaçada. “Eu quero acreditar que o galego vai continuar a existir sempre”, afirma Esther. Para a apresentadora, “não vale a pena ser-se pessimista, porque afinal os projetos atrativos como o DígochoEu continuam a cativar os mais novos, que têm cada vez mais carinho pela língua.”

Reveja a versão integral em formato multimédia da Grande Reportagem “Galiza: Espelho da Autonomia”

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