Futuro da Linha de Leixões com luz ao fundo do túnel

Futuro da Linha de Leixões com luz ao fundo do túnel
| Norte
Henrique Ferreira

A linha de Leixões está prestes a entrar numa nova fase. A Metro do Porto já anunciou que a construção da nova linha de São Mamede vai usar parte da esteira do canal ferroviário e a CP deverá reativar o serviço de passageiros até ao final de 2024. De acordo com um estudo encomendado pela Área Metropolitana do Porto, esta é uma “oportunidade de fecho das redes excecional.”

 
 
 
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A linha de metro que vai ligar o IPO, no Porto, ao Estádio do Mar, em Matosinhos, deverá ter um troço paralelo à Linha de Cintura do Porto (linha de Leixões), entre as estações de São Mamede e da Pedra Verde, o que pode permitir, no futuro, atrair mais clientes para os dois meios de transporte.

Apesar disso, não está em cima da mesa a circulação do metro e do comboio nos mesmos carris, uma vez que os dois meios de transportes têm bitolas diferentes. O metro funciona com bitola padrão e o comboio com bitola ibérica.

Quanto ao comboio, o Plano Ferroviário Nacional, ainda por aprovar, prevê que “a retoma do serviço de passageiros na linha de Leixões deve ser considerada mesmo sem estar completa a criação das novas estações, dados os pólos geradores de procura que se encontram junto às estações já existentes”.

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Linha de Leixões é também conhecida como a linha de cintura do Porto

Dois comboios por hora podem regressar já em 2024

As contas, feitas pelo jornal Público, dizem que pode ser possível reativar o serviço de passageiros com dois comboios por hora já no final de 2024. Apesar disso, nenhuma das entidades envolvidas se compromete com prazos.

Do lado da tutela, falta avançar com a construção das plataformas provisórias na Arroteia, na Asprela e na estação final do percurso, em Leça do Balio. As obras, que dependem da Infraestruturas de Portugal (IP), são passíveis de serem concretizadas em poucos meses.

Quanto aos acessos, a Câmara Municipal de Matosinhos garante, em resposta ao Público, que “está disponível para promover as condições necessárias de acessibilidade às estações”.

Faltam depois os comboios, mas a CP parece já ter um plano. A ideia é aproveitar parte dos suburbanos com procedência de Aveiro, que em vez de inverterem a marcha e seguirem para a Estação de São Bento podem viajar diretamente para a Linha de Leixões.

Frequência e estações intermodais podem ser chave para o sucesso

Segundo um especialista em ferrovia ouvido pelo Porto Canal, há três pontos a ter em atenção na hora de reativar a linha de Leixões.

Em primeiro lugar, uma frequência de comboios que permita criar hábitos nos utilizadores. Apesar de a CP colocar em cima da mesa a hipótese de a linha funcionar com dois comboios por hora, esta periodicidade pode não ser suficiente para captar utilizadores que, habitualmente, tendem a preferir tempos de espera mais curtos.

Depois, os especialistas apontam a necessidade de construir estações intermodais, sempre que o comboio se cruze com o metro. No futuro vai acontecer em São Mamede de Infesta e em Pedras Verdes, mas já se verifica noutras zonas, nomeadamente em Esposade, Araújo e no final do percurso, já em Matosinhos.

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Proposta do traçado da linha de Leixões

Terminar a viagem apenas no Porto de Leixões, e não em Leça do Balio, como aconteceu na última tentativa de reativação da linha, em 2010, é o terceiro ponto apontado. Não levar o percurso até ao fim é, para quem se dedica ao estudo da ferrovia, “amputar” o projeto.

Linha de Leixões é “oportunidade excecional”

A 28 de maio de 2021, o Conselho Metropolitano do Porto aprovou um acordo de colaboração entre a Área Metropolitana do Porto, a IP e cinco municípios para a avaliação da implementação de uma solução ferroviária na Linha de Leixões.

Um estudo encomendado pela AMP à consultora Trenmo considerou que a linha de Leixões constitui uma “oportunidade de fecho das redes excecional”, com reativação estimada em 65,5 milhões de euros.

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Linha de Leixões liga Campanhã ao porto na foz do Rio Leça

O estudo destaca ainda as integrações que a linha ferroviária de Leixões possibilita com o Metro do Porto.

A consultora em transportes salienta que a linha de Leixões se cruza, no imediato, com o Metro do Porto através da “linha A (na proximidade da estação do Senhor de Matosinhos), as linhas B e E (na proximidade da estação de Esposade), a linha C (na proximidade da estação de Araújo), a linha D (na proximidade da estação do Hospital de S. João)”.

Quanto às estações que, no futuro, podem vir a servir uma “renovada” linha de Leixões. A CP defende a ligação entre Campanhã, Contumil, Hospital de São João, São Mamede de Infesta, Arroteia (servindo a EFACEC) e Leça do Balio (servindo a Lionesa e a Unicer), numa primeira fase, e Custió-Araújo, Guifões e Leixões numa segunda fase.

Já o estudo da Trenmo inclui as paragens Senhor de Matosinhos, Portela (com acesso ao MarShopping) Aeroporto, Esposade, Araújo, Leça do Balio, Arroteia, São Mamede de Infesta, Hospital de São João e São Gemil.

Uma história feita de avanços e recuos

A reativação da exploração comercial da também chamada Linha de Cintura do Porto, que liga Contumil ao porto localizado na foz do rio Leça, é uma reivindicação antiga de utentes e especialistas em transportes.

A construção da linha foi aprovada em 4 de julho de 1905, mas a primeira empreitada apenas foi adjudicada a 25 de setembro de 1915. As obras só começaram em 1921, mas foram várias vezes interrompidas até 1926.

A inauguração da linha só aconteceu em 1938 e a eletrificação 60 anos depois, em 1998. Antes disso, em 1987, o serviço de passageiros foi interrompido, passando a linha a estar totalmente dedicada ao transporte de mercadorias, ao serviço do maior porto do norte do país.

Entre 2010 e 2011, o serviço de passageiros foi restabelecido, mas o investimento de quase sete milhões de euros acabou por não compensar. A linha registou, nesse período, uma média de apenas 4500 utilizadores mensais.

Segundo os especialistas, a abertura da linha apenas entre Ermesinde e Leça do Balio e o facto de não ter sido construída nenhuma estação intermodal, nomeadamente na zona do Hospital de São João e pólo universitário da Asprela, foram os principais entraves ao sucesso da operação.

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Estação de Leça do Balio, em Matosinhos

Além disso, aponta-se o facto de a linha ter funcionado como um ramal e não como um sistema ferroviário em anel.

Desde o último encerramento, o troço é apenas utilizado para a circulação de comboios de mercadorias, que fazem a ligação ao Porto de Leixões. Passageiros só mesmo os funcionários da CP, que podem viajar até às Oficinas de Guifões em quatro comboios diários.

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