Campanha internacional para libertar nigerianas usou fotos de raparigas guineenses

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 13 mai (Lusa) - A autora das fotografias usadas pela campanha mundial a exigir a libertação das nigerianas, raptadas em abril por islamitas, disse apoiar totalmente a iniciativa, mas reconheceu que usar imagens falsas, de crianças da Guiné-Bissau, pode desvalorizar a ação.

Pelo menos uma das fotos usadas pela campanha "Bring Back Our Girls" não é de uma rapariga nigeriana, mas de uma adolescente de 13 anos da Guiné-Bissau fotografada por Ami Vitale, em 2011.

"Apoio totalmente as raparigas e a campanha, mas usar imagens de pessoas que nada tem a ver com o caso, e portanto dar uma imagem falsa, não ajuda as raparigas raptadas na Nigéria, nem as raparigas da Guiné-Bissau", disse à agência Lusa, por email, a fotógrafa Ami Vitale, autora das fotografias inicialmente usadas na campanha.

Quando detetou o uso indevido das imagens, Ami Vitale contactou as pessoas que divulgaram inicialmente a "Bring Back Our Girls" para impedir a difusão.

Em abril, o grupo fundamentalista islâmico raptou 276 raparigas, cristãs e muçulmanas, de uma escola em Chibok, no norte da Nigéria. Até agora, 223 jovens continuam desaparecidas.

"Estas fotos nada têm a ver com as raparigas que foram raptadas. Estas raparigas [nas imagens usadas] são da Guiné-Bissau, e a história que retratei é sobre algo completamente diferente. Elas nada têm a ver com estes raptos terríveis. Consegue imaginar a imagem de uma filha usada em todo o mundo como o rosto de tráfico sexual?", disse Ami Vitale, na semana passada, num blogue do jornal norte-americano New York Times (NYT).

"Isto é informação errada (...) conheço estas raparigas, as famílias, que ficariam muito chocadas por verem as imagens das filhas, espalhadas por todo o mundo como o rosto de uma situação horrível", acrescentou.

As raparigas das fotos usadas "não são vítimas", afirmou.

"Usar estas imagens como se fossem vítimas não é verdade. A história que fiz era uma história de esperança", de acordo com as declarações ao blogue "Lens" do NYT.

A campanha mundial, iniciada na Nigéria através da rede social de mensagens instantâneas 'Twitter', 'Bring Back Our Girls', pretende chamar a atenção para a situação no país e salvar as raparigas sequestradas. Ativo há cinco anos, o Boko Haram foi responsabilizado por mais de 1.500 mortos, só este ano, de acordo com as autoridades nigerianas.

A fotógrafa norte-americana Ami Vitale trabalha com a revista National Geographic e o seu trabalho já foi publicado em muitas outras publicações, como Adventure, Geo, Newsweek, Time, Smithsonian. Vitale conquistou vários prémios de diferentes organizações, como a World Press Photos, Lowell Thomas, Lucie, Daniel Pearl e o prémio Magazine Photographer of the Year, entre outros.

Recentemente, Ami Vitale tem colaborado com a organização Ripple Effect Images, que procura ilustrar os problemas específicos das mulheres nos países em desenvolvimento e os programas que as podem ajudar.

EJ // VM

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