Vila Nova de Gaia, 21 abr (Lusa) -- O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia defendeu hoje que os municípios também devem "ir à luta" na privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), propondo um consórcio para aquisição das ações que aquela detém na Suldouro.

"Se é evidente que começa a tornar-se irreversível o processo de privatização [da EGF], então temos de fazer alguma coisa", afirmou, durante a reunião de Câmara, o autarca Eduardo Vítor Rodrigues para quem os municípios visados devem "ir à luta" e "responder com criatividade" à "traição" do Governo.

A Suldouro, que procede ao tratamento e valorização dos resíduos urbanos de Gaia e Santa Maria da Feira, tem um capital social repartido entre a Empresa Geral de Fomento (60%), município de Vila Nova de Gaia (25%) e município de Santa Maria da Feira (15%).

O Governo aprovou no final de janeiro o processo de privatização da sub-holding do grupo Águas de Portugal para o setor dos resíduos, a EGF, tendo enviado a 14 de abril uma carta à Câmara de Vila Nova de Gaia, na qual pede que esta se pronuncie, até 14 de maio, sobre a opção de venda das suas 160 mil ações, a 15,868 euros cada, num total de cerca de 2,53 milhões de euros.

Contra a privatização da EGF, a venda das ações e considerando mesmo "humilhante" o valor proposto, Vítor Rodrigues adiantou, porém, que caso a mesma se venha a verificar, as câmaras de Gaia e Santa Maria da Feira têm de se entender e de ir "à luta no concurso" e adquirir pelo menos 11% do que a EGF detém na Suldouro, para poderem "ficar em maioria".

"Se adquiríssemos a totalidade dos 60% [detidos pela EGF] eram seis milhões de euros, coisa absolutamente suportável por um crédito bancário porque a receita anual amortizaria rapidamente o próprio crédito", explicou o autarca, que contou com o apoio de todos os vereadores para a sua proposta.

Vítor Rodrigues teme contudo que o Governo encontre "uma forma de empecilhar a participação dos municípios" no processo de privatização da EGF, pelo que sugeriu mesmo que a Lipor - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto deve também "ir a jogo" e adquirir "tudo quanto puder", tendo como vantagem "uma margem de lucro importante".

"A minha convicção é que [se a maioria da Suldouro] for para um sistema intermunicipal -- seja Gaia/Santa Maria da Feira, seja Gaia/Santa Maria da Feira/Lipor -- tínhamos todos a ganhar", frisou o autarca para quem a privatização da EGF "é um negócio com consequências perversas para os cidadãos".

Adiantou que "nas mãos da Associação Nacional de Municípios" está também a hipótese "ainda viável" de "agir num contexto judicial", com uma providência cautelar contra a privatização da EGF.

O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva referiu no final de janeiro que o governo espera fechar a privatização da participação do Estado em junho, vendendo-a em bloco e sem um valor mínimo de licitação.

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