Exportações líquidas vão contribuir menos para crescimento português - Bruxelas
Porto Canal / Agências
Lisboa, 20 fev (Lusa) - A Comissão Europeia alertou hoje que o modelo de crescimento de Portugal assenta no aumento das importações, que vai reduzir a contribuição das exportações em termos líquidos para o crescimento económico do país.
No relatório sobre a décima avaliação regular ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), hoje divulgado, a Comissão Europeia afirma que "o efeito positivo no PIB [Produto Interno Bruto] decorrente de uma procura interna mais elevada vai ser parcialmente eliminado por uma expansão associada das importações, que vai reduzir o contributo do crescimento das exportações líquidas".
Bruxelas refere que as exportações líquidas vão continuar a contribuir positivamente para o crescimento económico de Portugal, mas em menor grau, antecipando "uma estabilização das exportações e uma aceleração das importações", tendo já revisto as previsões para as importações este ano e no próximo face à anterior revisão do programa.
Agora, a Comissão Europeia espera que as importações cresçam 3% em 2014 (contra +2,5% da oitava e nona avaliações), desempenho que deverá acelerar para os 3,8% por cento em 2015 (contra os +3,7% estimados na avaliação anterior).
Quanto às exportações, as estimativas permanecem inalteradas, antecipando-se um crescimento de 5% este ano e de 5,3% em 2015.
Este alerta quanto ao contributo mais limitado das exportações líquidas para o crescimento de Portugal está em linha com o que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha já referido na quarta-feira.
No seu relatório sobre a décima avaliação ao resgate português, o FMI apontou que o crescimento das exportações "foi sobretudo devido às exportações de combustíveis e - numa extensão menor -- às dos serviços", uma vez que "o crescimento das exportações de bens não petrolíferos foi mais moderado".
O Fundo alertou ainda que é provável que as importações de bens de investimento e de bens duradouros "recuperem dos níveis anormalmente baixos" e afirmou que os números das exportações foram sobretudo devidos à normalização da procura interna, "num contexto de redução da contribuição das exportações líquidas para o crescimento".
Do lado do Governo, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, desvalorizou estes avisos: "É uma proeza das empresas e de quem nelas trabalha. Acredito mais na realidade económica às vezes do que em algumas instituições nacionais ou internacionais que diziam que Portugal não conseguia exportar mais", disse.
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