António Capucho adverte que PSD está a afastar-se da matriz social-democrata

António Capucho adverte que PSD está a afastar-se da matriz social-democrata
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Porto Canal

António Capucho, militante histórico social-democrata, considerou hoje que o seu processo de expulsão do partido confirma o estado a que chegou o PSD, advertindo que este se encontra cada vez mais afastado da matriz social-democrata.

“Este processo de expulsão só vem confirmar o estado a que chegou o PSD, cada vez mais afastado da matriz social-democrata e progressivamente mais enquistado à volta de um conjunto de oligarquias nos vários escalões (com honrosas exceções) que não toleram opiniões divergentes e protegem generosamente os seguidistas”, vinca Antonio Capucho, numa nota enviada à Agência Lusa.

O Conselho de Jurisdição Nacional do PSD aprovou terça-feira a expulsão de António Capucho, devido à sua candidatura autárquica em lista adversária do partido em 2013, a candidatura independente “Sintrenses com Marco Almeida” à Assembleia Municipal de Sintra.

De acordo com o comunicado de António Capucho, antes do início da reunião do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, a comunicação social divulgou “lamentáveis declarações do seu presidente, no sentido de que não seriam levadas em conta quaisquer circunstâncias atenuantes”, o que entende ser “bem revelador da falta de ética que caracteriza o funcionamento do PSD”.

Capucho considera que, “antes do julgamento”, o presidente dos sociais-democratas decidiu “tacitamente a sanção a aplicar”, adiantando que terá sido “obedientemente seguido pelos seus pares”, sem contudo se referir a nomes.

“De resto, a sanção já tinha sido indiciada há meses pelo coordenador da Comissão Política Nacional em declarações à imprensa”, alertou António Capucho.

Segundo o histórico militante, ao vetarem também Marco Almeida, o partido “deu um tiro nos pés”, salientando que ao expulsarem os que integraram as listas que ele liderou “saiu-lhes o tiro pela culatra”.

“Para além de fundamentalistas, com tiques estalinistas, são manifestamente incompetentes. O problema não são os disparates e injustiças que cometem internamente no PSD. O problema é que são eles que governam, por enquanto, o nosso país”, acusou.

António Capucho avança ainda que a expulsão do PSD o incentiva a “intensificar uma participação política ativa” em Sintra e a nível nacional, pois considera ser essa a sua “obrigação cívica”.

Na base da sua expulsão do partido esteve a candidatura à Assembleia Municipal de Sintra pela lista independente "Sintrenses com Marco Almeida" nas eleições autárquicas de 29 de setembro de 2013 - que foi a segunda mais votada, atrás da lista do PS e à frente da lista conjunta do PSD, CDS-PP e MPT.

Os estatutos do PSD estabelecem, no número 4 do artigo 9.º, que "cessa a inscrição no partido dos militantes que se apresentem em qualquer ato eleitoral nacional, regional ou local na qualidade de candidatos, mandatários ou apoiantes de candidatura adversária da candidatura apresentada pelo PPD/PSD".

O número 1 do mesmo artigo estabelece a "expulsão" como a sanção mais grave que pode ser aplicada a um militante do PSD, seguindo-se a "suspensão da qualidade de membro do partido até dois anos", numa escala em que a "advertência" é a sanção mais leve.

Após ser notificado do processo movido contra si, em janeiro, António Capucho exerceu o direito de se pronunciar, por escrito.

Em sua defesa, disse ter alegado que no caso de Sintra houve, em primeiro lugar, uma violação dos estatutos pelas comissões políticas distrital de Lisboa e nacional, quando recusaram sem fundamento a candidatura de Marco Almeida à presidência da Câmara Municipal, que tinha sido aprovada pelas bases do partido.

O atual deputado municipal em Sintra disse também ter invocado os serviços prestados ao país e ao seu partido nos últimos 40 anos.

Militante social-democrata desde 1974, António Capucho presidiu à Câmara Municipal de Cascais entre 2001 e 2011. Foi membro do Conselho de Estado, secretário de Estado, ministro, deputado e eurodeputado. No PSD, ocupou cargos como os de secretário-geral, vice-presidente e líder parlamentar.

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