PS recusa integrar comissão para Reforma do Estado e acusa Governo de "manobras políticas"
Porto Canal / Agências
Porto, 08 nov (Lusa) - O líder da bancada parlamentar, socialista, Alberto Martins, reiterou hoje que o PS não aceita integrar a comissão para a Reforma do Estado, desafiando o Governo "a parar com manobras políticas e a apresentar propostas concretas".
PSD e CDS-PP insistiram hoje para que os socialistas integrem a Comissão para a Reforma do Estado, alegando que o secretário-geral dos PS, António José Seguro, manifestou abertura para debater esta matéria no parlamento.
Numa declaração aos jornalistas na sede da federação do PS/Porto, Alberto Martins foi perentório: "O PS desafia o Governo a parar com manobras políticas e a apresentar propostas concretas".
"O PS não aceita integrar essa comissão parlamentar, acha que é inútil. As propostas concretas devem ser apresentadas na Assembleia da República, discutidas no âmbito das comissões que hoje existem", respondeu aos jornalistas.
Interrogado sobre o porquê da insistência dos partidos que formam o Governo de coligação, o líder da bancada parlamentar do PS considera que se trata de "uma manobra política que só tem uma resposta: venham propostas concretas para a Assembleia da República".
"[É] uma comissão inútil, é uma tentativa de instrumentalização, de governamentalização da Assembleia da República. É inútil. Já há comissões que abranjam todas as temáticas da Reforma do Estado", justificou.
O PS entende por isso, pela voz de Alberto Martins, "que o Governo deve apresentar propostas concretas na Assembleia da República, às quais o PS responderá em termos de debate, como tem feito e como está a fazer hoje relativamente ao código do IRC".
"O PS não se furtará, como nunca se furta a nenhum debate. A reforma do Estado precisa sobretudo de propostas concretas e não de mais comissões. (...) Estamos como estivemos sempre disponíveis para o debate", reiterou.
Numa carta hoje dirigida à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e tornada pública, os líderes parlamentares do PSD, Luís Montenegro, e do CDS-PP, Nuno Magalhães, referem que António José Seguro, em entrevista à TVI, na quinta-feira, afirmou que "o PS não faltará a nenhum debate, nem voltará as costas quando está em causa o interesse nacional", acrescentando que "há hipótese, no parlamento".
Com base nestas afirmações, Luís Montenegro e Nuno Magalhães concluem: "Parece estar assim assegurada a condição imposta pela senhora presidente da Assembleia da República para dar posse à Comissão Eventual para a Reforma do Estado e assim se cumprir a resolução do parlamento".
Nesse sentido, consideram que Assunção Esteves deve pedir ao PS e demais grupos parlamentares a indicação dos respetivos deputados que integrarão aquela comissão, cuja criação foi aprovada em janeiro, através de um projeto de resolução da maioria PSD/CDS-PP que teve os votos contra dos partidos da oposição, que recusaram integrá-la.
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