O líder da Coligação Democrática Unitária (CDU) reconheceu hoje manter contactos com o PS, sem se tratar de negociações, e considerou que nem socialistas nem a coligação PSD/CDS-PP terão maioria, com a abstenção a "tocar a todos".
Em Lagos, Jerónimo de Sousa foi abordando e sendo abordado por populares e comerciantes, alguns a pedirem entendimentos com o líder socialista, António Costa, como já é habitual, num percurso entre a rua Infante de Sagres e a praça Gil Eanes.
"Contactos informais e até formais têm existido sempre. Não temos relações cortadas", disse o secretário-geral comunista, embora esclarecendo que "não há aqui nenhum processo de negociação esmiuçado". A CDU nunca fugirá "a um diálogo sincero que procure soluções para o país".
Contudo, "para um Governo de esquerda, o melhor voto é CDU", continuou, pedindo o reforço da sua coligação com os ecologistas.
"Abstenção vai haver, basta pensar que, nestes quatro anos, saíram quase meio milhão de portugueses para o estrangeiro com idade de votar. Inevitavelmente, a abstenção vai ser significativa. Depois, também há muitas pessoas desanimadas, que viram as suas vidas destruídas, infernizadas e deixaram de acreditar", lamentou.
Segundo Jerónimo de Sousa, "a abstenção vai tocar a todos", mas não há qualquer "dinâmica do PS ou da coligação (Portugal à Frente) para se afirmarem como possíveis detentores da maioria absoluta".
"Já deixaram cair essa questão e agora estão ali a disputar o chamado empate técnico", sintetizou, antevendo uma "segunda dose de sacrifícios e exploração aos trabalhadores depois das eleições", devido aos novos dados da execução orçamental que vão sendo conhecidos e ao impacto da resolução do BES no défice.
Para o líder comunista, "os outros pensam sempre em termos de poder", enquanto a CDU se fixa "em termos de política" a adotar para um "rumo de desenvolvimento".
Imagem: Facebook CDU