ONG acusa polícia moçambicana de "negligência" na morte de criança por raptores
Porto Canal / Agências
Maputo, 29 out (Lusa) -- A organização moçambicana Rede dos Comunicadores Amigos da Criança (RECAC) acusou hoje a polícia de "negligência maior" na morte de uma criança pelos seus raptores e na falta de esclarecimentos sobre os raptos em Moçambique.
A criança foi encontrada morta no fim de semana numa mata, nos arredores da cidade da Beira, centro de Moçambique, após os raptores terem dito à família que iriam assassinar a criança, como represália pelo facto de a polícia ter sido informada do local onde seria pago o resgate de um milhão de meticais (cerca de 25 mil euros).
A menor foi a primeira vítima mortal da onda de raptos que assolam Moçambique, que resultou no sequestro de dezenas de pessoas, incluindo crianças, muitas delas libertadas mediante o pagamento de elevadas quantias de dinheiro.
Em reação à Lusa à morte da criança e da onda de raptos, a diretora-executiva da RECAC, Célia Claudina, acusou a polícia moçambicana de "negligência maior" e de ter perdido "o crédito" da sociedade por não ter evitado o assassínio e ser incapaz de travar a onda de raptos.
"Que as crianças estão a ser alvo da ação das quadrilhas de rapto não é novo, é novo e negligência maior que uma criança tenha morrido nas mãos dos raptores, logo após a polícia ter sido informada de que ia ser pago um resgate", disse Célia Claudina.
A diretora-executiva da RECAC afirmou que a sociedade "perdeu o crédito" na polícia, porque "há razões para pensar que alguns agentes trabalham com os raptores".
Célia Claudina considerou "contraditório" que a polícia exorte a população para colaborar no combate aos raptos e, ao mesmo tempo, deixar indícios de cumplicidade por parte de alguns agentes da corporação.
PMA // VM
Lusa/Fim