Porto, 16 dez (Lusa) - O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) reagiu hoje ao anúncio de despedimento coletivo de cerca de 500 trabalhadores na empresa Soares da Costa com "revolta e tristeza".

"Sabíamos de salários em atraso - pelo menos o de novembro nem todos os trabalhadores receberam - e do subsídio de Natal também por pagar mas de forma alguma estávamos à espera deste anúncio. É com tristeza e revolta que tomamos conhecimento", disse à agência Lusa o delegado do SITE-Norte, Miguel Moreira.

Segundo o dirigente, este sindicato representa mais de 150 trabalhadores da Soares da Costa, sobretudo funcionários da área da metalurgia.

O SITE-Norte avançou que vai pedir "com urgência" uma reunião à administração da Soares da Costa de forma poder "esclarecer toda a situação" e para quinta-feira agendou uma concentração com trabalhadores junto aos estaleiros que a empresa detém em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.

"[Os responsáveis] deviam ter um bocadinho mais de sensibilidade. Anunciar uma coisa destas em época natalícia é muito difícil, muito mau, muito revoltante. Fomos apanhados de surpresa", referiu Miguel Moreira.

Num documento a que a Lusa teve acesso, assinado pelo presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, são referidas as "repercussões nefastas" para a empresa da crise e "estagnação do mercado de construção" em Portugal e em Angola, seu principal mercado, da quebra de receitas "relacionadas com a produção petrolífera", o que fez cair o investimento público e privado, para considerar que perante esta conjuntura é "inevitável o redimensionamento e reestruturação da empresa".

A empresa de construção civil tem acumulado prejuízos anuais superiores a 60 milhões de euros e é controlada em 66,7% pela GAM Holdings, detida pelo empresário angolano António Mosquito, que entrou no capital da construtora no final de 2013, sendo os restantes 33,3% da SDC - Investimentos (ex-Grupo Soares da Costa).

PYT (CCM/IM)// ATR

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