Maria de Belém quer confiança e entendimento institucional
Porto Canal com Lusa
Porto, 27 nov (Lusa) -- A candidata presidencial Maria de Belém Roseira recusou hoje o papel de "comentadora" do discurso de Cavaco Silva na tomada de posse do novo Governo socialista, destacando o empenho na "criação de condições de confiança" e entendimento institucional.
"O que é verdadeiramente importante é que não sou comentadora das intervenções do Presidente da República ou do primeiro-ministro. Foi importante para o país entrar num período de estabilidade política, porque isso é importantíssimo para as pessoas, para os agentes económicos e para todos os que, fora do país, estão a olhar para nós na sequência das nossas obrigações europeias e internacionais", frisou a candidata.
Em declarações aos jornalistas no Porto, onde participou no Congresso Nacional de Medicina, a ex-ministra da saúde socialista frisou a necessidade de investir "na criação de condições de confiança, de bom clima de entendimento entre as instituições" por considerar ser esse "o papel do Presidente da República" e dos candidatos presidenciais.
A candidata respondia, desta forma, ao repto da comunicação social para comentar o facto de o Presidente da República, Cavaco Silva, ter dito, durante a tomada de posse do Governo liderado por António Costa, que não abdicará dos poderes que a Constituição lhe confere.
"Se afirmo alguma identidade própria, é uma vida de mais de 40 anos a investir na construção de consensos, de entendimentos, mesmo quando partimos de entendimentos diferentes. É nisso que insisto e invisto", sublinhou Maria de Belém.
A candidata notou também não ser "alimentadora de questões de dissensão".
"Sou, sobretudo uma investidora de construção: de políticas positivas, de espírito positivo e de ambiente não crispado que permita que todos os agentes apliquem a sua energia ao serviço do interesse coletivo", afirmou.
A candidata expressou ainda o desejo de que "o novo Governo tenha a capacidade de resolver os problemas das pessoas".
"Os governos existem para, através da sua ação politica, contribuírem para o desenvolvimento de um país. Não há desenvolvimento de um país se as pessoas não tiverem os seus problemas políticos resolvidos", vincou.
Questionada sobre se daria um maior voto de confiança ao novo Governo, Maria de Belém insistiu no desejo de que "as coisas corram bem".
"Se correrem bem, seremos todos nós, portugueses, beneficiados", avisou.
"Chamei muitas vezes atenção para o risco que constituía um período de indefinição porque a estabilidade nunca foi amiga do crescimento ou da confiança. Precisamos de entrar numa fase de estabilidade que assegure aquilo de que precisamos", acrescentou.
Maria de Belém observou ainda que a indigitação do Governo do secretário-geral do PS, António Costa, resolveu "uma questão pendente" e que, agora, é preciso "olhar para a frente".
O Presidente da República, Cavaco Silva, prometeu na quinta-feira "lealdade institucional" ao novo Governo, mas advertiu que não abdicará dos poderes que a Constituição lhe confere e que tudo fará para que Portugal preserve a credibilidade e mantenha a trajetória de crescimento.
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