Grécia: FMI diz que não haverá 'default', apenas atraso no pagamento
Porto Canal / Agências
As três maiores agências de notação financeira mundiais dizem que falhar o pagamento de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, cujo prazo termina esta noite, não constitui um 'default' porque esse termo, que é evitado a todo o custo em Washington, está reservado para o incumprimento nos pagamentos aos credores do setor privado.
De acordo com a agência financeira Bloomberg, a chave para aferir se existe ou não um 'default' está no Banco Central Europeu, o mesmo que, apesar de estar a manter o sistema financeiro grego vivo com uma injeção de quase 90 mil milhões de euros, ainda não se pronunciou sobre o que significa e quais as consequências da falta de pagamento já anunciada pelo Governo de Atenas.
Em declarações à agência de notícias Bloomberg, o economista-chefe da UniCredit considerou que a manutenção para além de hoje desta linha de financiamento de emergência (Emergency Liquidity Assistance - ELA, no original em inglês) aos bancos gregos "não será tomada sem cobertura política ao mais alto nível", leia-se dos responsáveis políticos da zona euro.
De acordo com as regras do Banco Central Europeu (BCE), este financiamento está disponível para os bancos enquanto forem solventes e tiverem colateral adequado, não havendo uma obrigação explícita de a Grécia ter os pagamentos em dia ao FMI para os bancos continuarem a receber ajuda.
Outra nota importante sobre a reação do BCE é a negociação que está em curso entre Bruxelas e o Governo grego, e o anúncio, ao princípio da tarde, de que Atenas pediu um terceiro resgate.
O presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) que suporta a Grécia, Klaus Regling, disse ainda este mês que pode acelerar o pagamento de 130 mil milhões de euros à Grécia caso haja um atraso no pagamento ao FMI, por isso a Blomberg conclui que "o momento chave será quando a líder do FMI disser ao conselho de administração que a Grécia está atrasada no pagamento", o que acontecerá, já prometeu Christine Lagarde, rapidamente, provavelmente já na quarta-feira.
Regling teria então de fazer uma recomendação ao conselho de administração do FEEF, composto pelos vice-ministros das Finanças da zona euro, explicou uma fonte comunitária à Bloomberg.
MBA // PJA
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