Atenas não reembolsa hoje FMI, salvo se houver solução de última hora
Porto Canal
Atenas não vai reembolsar o empréstimo de 1.600 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que vence hoje, salvo se for encontrada uma solução de última hora que permita enfrentar este pagamento e evitar entrar em "incumprimento".
A ministra-adjunta das Finanças da Grécia, Nadia Valavani, afirmou hoje em declarações à televisão pública que o pagamento ainda seria possível se a Grécia conseguisse os 1.800 milhões de euros dos rendimentos dos títulos de dívida gregos de 2014 que estão nas mãos do Banco Central Europeu (BCE).
Valavani insistiu que para fazer o reembolso não seria necessário um novo acordo com as instituições (Comissão Europeia, BCE e FMI) porque faz parte do programa de resgate vigente.
Até às 18:00 horas em Washington (00:00 em Lisboa), a Grécia pode efetuar este reembolso que agrupa três pagamentos de junho, caso contrário entrará em incumprimento em relação ao FMI.
Se a Grécia não pagar hoje, é iniciado um processo de tramitação, que, como recordou Valavani, pode durar um mês até que seja declarado o incumprimento.
Neste sentido, o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, considerou que o não pagamento da Grécia ao FMI hoje não teria "grandes consequências".
Uma vez que se confirme que a Grécia não pagou, espera-se que a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, informe o Conselho Executivo da instituição, possivelmente no mesmo dia.
Um dia crucial para a liquidez da Grécia voltará a ser quarta-feira, quando se espera que o Conselho de Governadores do BCE decida se mantém a provisão de créditos de urgência à banca grega.
O BCE tem mantido as injeções de liquidez para garantir a solvência dos bancos, mas não aumentou o 'plafond' dos créditos de cerca de 90.000 milhões de euros, que depois das elevadas saídas de depósitos das últimas semanas dificultou a situação das entidades financeiras.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras responsabilizou o Eurogrupo de ter provocado a decisão do BCE de não aumentar os empréstimos ao não aceitar o pedido da Grécia para ampliar o prolongamento do resgate, com o objetivo de realizar com calma o referendo do próximo domingo.
Segundo o primeiro-ministro grego, esta decisão do BCE desencadeou a imposição pelo Governo de restrições bancárias na última segunda-feira.