Os números e os efeitos da crise grega
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Porto Canal (DYC)
Em 2010 a Grécia pediu ajuda à troika. Para além do financiamento, recebeu também obrigações e os efeitos da crise grega fizeram-se sentir em várias áreas.
Em 2010 os gregos não conseguiram lidar com a crise da dívida pública e decidiram pedir ajuda à Europa. Hoje, a Grécia é o país da União Europeia com a maior taxa de pobreza; o desemprego atingiu máximos históricos; e a dívida pública disparou.
Antes da entrada da troika no país, a taxa de desemprego grego rondava os 9,6%, em 2009. Apenas um ano depois, quando começou o programa de ajustamento, o desemprego disparou para os 24,4% e em Novembro de 2013 atingiu o máximo histórico de 28%. Em 2014 a taxa baixou, ficando-se nos 26,5% e o desemprego jovem é o mais preocupante, tendo chegado em Maio de 2013 aos 64,9%.
A Grécia é, por esta altura, o país da União Europeia com a maior taxa de pobreza. Desde a entrada da troika no país os índices aumentaram dois pontos percentuais e passaram dos 13% em 2009 para os 15% em 2011. Em 2014 atingiram os 23,1% e a população grega que vive abaixo do limiar da pobreza era, em 2009, de 20%.
A Grécia passou por seis anos de recessão, que só terminaram em 2014. Desde 2007 que o PIB tem vindo a baixar, atingindo mesmo valores negativos (-4,4% em 2009 e -8,9% em 2011) e só voltando a aumentar, ligeiramente, em 2014 para os 0,8%.
Também a dívida pública grega tem vindo a aumentar. Apesar de em 2012 ter baixado dez pontos percentuais, de 164% (em 2009) para 154% do PIB, em 2013 voltou a subir para os 179%. A Comissão Europeia prevê ainda que a dívida pública da Grécia bata recordes em 2015 e chegue mesmo aos 180,2% do PIB.
A 12 dias de ter de pagar uma tranche de 1.600 milhões de euros ao FMI, são poucas as alternativas que restam à Grécia. Depois da falta de acordo na reunião desta quinta-feira do Eurogrupo, o cenário da saída dos gregos da União Europeia parece estar mais presente do que nunca. O presidente do Conselho Europeu convocou uma reunião de emergência com os líderes europeus para a próxima segunda-feira, dia 22, e há quem acredite que Alexis Tsipras pretende um acordo de última hora.
Mas caso o encontro da próxima semana não traga uma solução, o mais provável é que se comecem a preparar as medidas para o “Grexit”. Controlo da circulação de capitais ou limite de levantamentos bancários podem ser duas formas de evitar uma corrida aos bancos.
Outra data importante para os planos gregos é a Cimeira da União Europeia, dia 25 de Junho. O presidente do FMI já revelou intransigência a um possível adiamento do prazo de pagamento, pelo que era necessário que houvesse um acordo de urgência, o qual poderia chocar com normas de países como a Alemanha, que exigem uma ratificação de um programa de resgate no parlamento. No entanto, poderá não haver tempo para essa discussão antes do fim do prazo dado à Grécia e, a realizar-se, nada garante que vença a ajuda aos gregos.
Numa situação de um Governo sem dinheiro para garantir pagamentos, um sistema bancário sufocado e cidadãos perante um controlo de capitais, é possível que se viva uma situação de instabilidade social, o que poderá levar a um governo de salvação nacional dirigido a partir de Bruxelas, ou a novas eleições.
A 20 de Julho o governo grego terá de pagar 3.500 milhões de euros ao FMI. Apesar de a agência Standard&Pours ter garantido que só considera um “default” total o não pagamento a credores privados, este poderá ser o último dia da Grécia na Europa.