Grécia: Parceiros do Eurogrupo gostariam de receber novas propostas, Varoufakis fala em "ideias"

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Porto Canal / Agências
Luxemburgo, 18 jun (Lusa) - A reunião do Eurogrupo está a decorrer hoje à tarde no Luxemburgo com os parceiros europeus céticos mas à espera de novas propostas da Grécia para ajudar a desbloquear um acordo, enquanto Yanis Varoufakis falou que iria apresentar "ideias".

Este encontro dos ministros da zona euro era tido há algumas semanas como decisivo para pôr fim ao impasse que se vive quanto a um acordo, com reformas a adotar pela Grécia que façam desbloquear a ajuda financeira de 7,2 mil milhões de euros tão necessária aos cofres helénicos.

No entanto, perante o estremar de posições nos últimos dias, esta reunião deverá ter o principal intuito de pôr Atenas a falar novamente com os credores (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu), quando as negociações técnicas estão paradas à espera de uma decisão ao nível político.

À chegada ao encontro, alguns ministros não esconderam a impaciência perante o arrastar de negociações sem qualquer resultado positivo.

O ministro das finanças da Eslováquia afirmou que está "cansado" e disse acreditar que, das conversas que tem, há mais colegas na mesma situação. "Receio de que não seja o único ministro cansado. Não há tempo para jogos, a Grécia tem de enfrentar a realidade", afirmou Peter Kazimir.

A mesma exasperação foi demonstrada pelo ministro das Finanças Finlandês, Alexander Stub: "Estamos a ficar sem paciência".

Stubb falou mesmo num 'plano B' que há que preparar caso a Grécia entre em incumprimento, sem dinheiro para cumprir os compromissos assumidos, uma posição partilhada pelo Irlandês, Michael Noonan, que disse que a "opção [para a falta de acordo] é preparar o plano B".

Aliás, o ministro da Irlanda foi mais longe e deu ainda a novidade que o seu Governo está em contacto com o banco central do país e com o BCE, em Frankfutrt, para gerir eventuais efeitos de um 'default' grego.

A questão do contágio a outros parceiros europeus de um 'default' grego é muito falada. Mas estes responsáveis desvalorizaram.

"Não pensamos que haja efeito de contágio", afirmou Noonan. "É problema para a zona euro, mas mais para a Grécia. Não acredito num efeito dominó", disse, por seu lado, o governante finlandês, que considerou especificamente que Portugal e Irlanda não correm riscos.

Quanto às contra propostas que os parceiros esperam há vários dias da Grécia, depois de as anteriores terem sido recusadas, a expectativa é de que ainda não chegarão neste encontro.

Neste ponto, o ministro da Eslováquia foi mesmo acintoso: "Eu acredito em milagres. Sou católico, tenho de acreditar".

Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que que é preciso esperar pela reunião para ver se o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, dará alguma novidade hoje, mas afirmou não estar com "muita esperança".

Varoufakis escapou precisamente às perguntas dos jornalistas sobre as propostas, afirmando apenas que hoje vai "apresentar ideias do Governo grego" para que se consiga "substituir a discórdia que traz prejuízo pelo consenso efetivo".

Um discurso mais otimista surgiu pelo lado alemão, pelo ministro Wolfgang Schäuble. "Estamos bastante otimistas de que vamos receber propostas".

Faltam menos de duas semanas para expirar o programa de assistência financeira a Atenas e da data limite para a Grécia pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, ambas a 30 de junho.

As reformas que mais afastam Atenas e credores de chegarem a um acordo têm que ver com cortes nas pensões e subidas no IVA, especialmente nos medicamentos e eletricidade. No excedente orçamental primário (diferença entre as receitas e despesas das contas públicas, excluindo os juros) há um entendimento no valor a alcançar, mas é preciso concordar nas medidas para lá chegar.

O Governo grego quer ainda uma estratégia para lidar com a elevada dívida do país, o que poderia ser feito através de uma nova reestruturação da dívida.

Além da questão da Grécia, que deverá ser o último ponto a ser discutido neste Eurogrupo, nesta reunião irá ainda ser debatido Portugal, avaliando o país após a saída da 'troika', o resgate ao Chipre e o estado da zona euro.

IM // ATR

Lusa/fim

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