Imigração: Centro de Imigrantes em Ceuta acima da lotação desde 2013

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Porto Canal / Agências

Ceuta, 25 abr (Lusa) - O "Centro de Estancia Temporal de Inmigrantes" (CETI), de apoio aos imigrantes em Ceuta, está desde julho de 2013 acima da lotação, contando hoje com mais 49 pessoas do que os 512 de capacidade máxima.

Carlos Guitard, diretor do Centro, diz à Lusa que dos atuais 561 imigrantes instalados no CETI 336 dizem ser da Guiné-Conacri e que apenas estão registadas sete crianças e 24 mulheres. Chegam todos indocumentados e raramente dizem a real origem.

Em entrevista à Lusa em Ceuta o responsável explica que atualmente a situação até é de acalmia, porque já houve momentos em que teve de albergar mais de 800 pessoas, porque ninguém fica a dormir na rua.

"Temos oito módulos, cada um com oito quartos e cada quarto com capacidade para oito pessoas. Em casos de sobrelotação apertamo-nos um pouco e nalguns quartos ficam 10. E se for preciso adaptam-se outras instalações", diz.

Com a experiência de vários anos à frente do centro, Carlos Guitard fala das tendências de imigração que vão chegando, quase como uma moda, das condições no local, do processo de entrada e saída.

Mas é com magoa que analisa a questão da imigração subsaariana: "Todos estes jovens? está a perder-se o potencial desses países de onde vêm".

E acrescenta: "São os com mais capacidades, os mais fortes, os com mais espirito de iniciativa. Chegar à Europa é um processo de seleção, os mais saudáveis, trabalhadores? Quem fica nesses países? E chegam muitos com estudos, estão a sair as pessoas com mais formação."

Do seu lado faz o que pode. No CETI, criado há 15 anos pelo Governo espanhol, ensina-se o castelhano e dão-se aulas de informática, há quatro refeições por dia ("sobra sempre comida"), assistência médica e apoio psicológico, roupas novas para os que chegam e escola para as crianças. Não pagam nada e saem quando querem. Alguns, muito poucos, "desaparecem".

Guitard não tem uma explicação para o atual tão grande número de guineenses de Conacri mas não acredita que seja real. "Até há pouco tempo a maioria dizia-se do Mali, agora do Mali há oito pessoas", diz.

Mas tem a certeza que os conflitos em África se refletem nas nacionalidades do Centro. Sempre que um país entra em instabilidade, em guerra, vários meses depois começam a aparecer nacionais desse país. "Estamos à espera que comecem a aparecer do Iraque", diz.

Os que são acolhidos no CETI, e até já sul-coreanos por lá passaram (uma sul coreana e um subsaariano acabaram por se apaixonar e vivem juntos em Madrid, conta), ficam em média quatro meses e depois são transferidos para outros locais, em Espanha, também abertos, e daí acabam por se submeter a um processo de asilo ou pura e simplesmente vão para outros países.

Só dez por cento deles acaba por ficar em Espanha, diz Carlos Guitard. E diz que os imigrantes que entram em Espanha via Ceuta são "um grão de areia" comparado com toda a imigração que chega por exemplo a Madrid via aeroporto.

E extradições? "No ano passado foram 20, este ano ainda nenhuma". E como chegam? "A imensa maioria diz que chegou por terra, que esteve a trabalhar algum tempo noutros países. Alguns demoram cinco ou seis anos a chegar".

Carlos Guitard não acredita em imigração inserida em "mafias", pelo menos em relação à que lhe chega. Podem existir, diz, na "abertura de rotas", nos "passaportes falsos", nos fundos falsos de carros, o que requer uma infraestrutura, mas não para "quem se aventura num barco de criança de 40 euros, num barquito em madeira e um motor de 40 cavalos em que se empoleiram 150 pessoas".

E a que lhe chega vem também "debaixo de um stress impressionante", porque deixou tudo para trás e só tem a incerteza. Ainda assim não tem havido grandes problemas, garante, fruto de quase 100 pessoas a trabalhar para eles no CETI, estrutura com um orçamento anual de 4,5 milhões de euros.

Carlos faz prova do que diz. Na enfermaria ninguém para tratar, na cozinha restam três retardatários a comer, nos pátios pequenos grupos conversam, outros jogam às cartas. Pelas portas entreabertas dos quartos, local de privacidade e que não se pode visitar, veem-se outros a fazer limpezas. Um caminha para o ginásio, outro carrega o telemóvel. Sente-se orgulho na voz de Guitard.

"Estamos à espera que comecem a aparecer do norte da Nigéria", diz à Lusa olhando os jovens. Depois do Mali, depois da Guiné-Conacri, com o "patrocínio" do movimento terrorista Boko Hoaram a próxima moda pode ser a Nigéria.

FP // PJA

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