Grupo islamita Shebab diz que autores do ataque "são heróis"
Porto Canal
O grupo islamita somali Shebab, afiliado à rede terrorista Al-Qaida, prestou hoje homenagem aos "dois heróis" responsáveis pelo ataque contra o semanário satírico francês Charlie Hebdo, que resultou em 12 mortos e 11 feridos.
"O Charlie Hebdo insultou o nosso profeta e ultrajou milhões de muçulmanos. Os dois irmãos (suspeitos do atentado) são os primeiros a vingar-se", indicou o Shebab num comunicado divulgado pela Radio Andalus, a estação oficial do movimento.
O grupo islamita também criticou os que "clamam que a liberdade de expressão foi atacada", afirmando que este "não foi o caso".
Os dois irmãos, diz o Shebab, são "dois heróis" que "agiram como deviam".
"Eles cortaram a cabeça aos infiéis que insultaram o nosso bem-amado profeta", afirma o grupo, acrescentando que o antigo líder da Al-Qaida Ossama bin Laden (morto a tiro pelos Estados Unidos) preveniu o Ocidente de que "correria sangue" caso "a liberdade de expressão não tivesse limites".
O Shebab, que controla vastas zonas rurais do centro e do sul da Somália, tem ligações estreitas com o braço da Al-Qaida no Iémen. Terá sido no Iémen que um dos dois irmãos franceses envolvidos no ataque ao Charlie Hebdo recebeu treino e formação sobre armamento.
Três homens vestidos de preto, encapuzados e armados atacaram na manhã de quarta-feira a sede do jornal Charlie Hebdo, no centro de Paris, provocando 12 mortos (10 vítimas mortais entre jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.
Um dos alegados autores, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se entregou às autoridades e os outros dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, estão cercados pela polícia numa localidade a cerca de 40 quilómetros a norte de Paris.