Sindicato vai pedir suspensão da Assembleia-Geral de acionistas da PT SGPS agendada para 2.ª feira
Porto Canal
O Sindicato dos Trabalhadores do Grupo PT (STPT) vai pedir a suspensão e adiamento da Assembleia-Geral de acionistas da PT SGPS na segunda-feira, disse hoje à Lusa o presidente da estrutura sindical, Jorge Félix.
"É quase certo que vamos apresentar um requerimento para suspender e adiar a Assembleia-Geral [AG]", disse a mesma fonte, adiantando que na reunião que o STPT vai ter na sexta-feira com o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o sindicato irá pedir ao regulador para "sensibilizar a administração" da PT SGPS e do presidente da AG, Menezes Cordeiro, a adiar a reunião magna.
Em causa está o facto do relatório feito PricewaterhouseCoopers (PwC) "não ter sido divulgado atempadamente", já que "está na CMVM, mas não é do conhecimento público" e esse documento "tem importância para decisão dos acionistas", que na segunda-feira, 12 de janeiro, votam a venda, ou não, da PT Portugal à multinacional Altice.
"Consideramos que o desconhecimento do conteúdo do relatório impede que a decisão possa ser consciente", disse o presidente do sindicato, que também é acionista da PT SGPS.
Jorge Félix lembrou que na altura do aumento de capital, que culminou na transferência dos ativos da PT Portugal (que tem a Meo e o Sapo, entre outros serviços) para a Oi, em maio do ano passado, o que estava na mesa era a "criação de um projeto lusófono, com grande ambição, com 100 milhões de clientes".
Ou seja, na altura, a fusão das duas empresas (PT SGPS e Oi) não previa a venda da PT Portugal.
Mesmo na AG de acionistas da PT SGPS, no âmbito das alterações feitas depois da Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES), não ter reembolsado a empresa do empréstimo de quase 900 milhões de euros, a venda da PT Portugal não constava na fusão, explicou.
"Jamais passava pela cabeça dos acionistas que a PT Portugal iria servir as contas da Oi", adiantou.
Perante esta situação, "poderá estar em causa a própria fusão. O compromisso assumido em 2013 deixa de fazer sentido sem a PT Portugal", razão pela qual faz sentido pedir um adiamento da AG, acrescentou.
Na quarta-feira, o Conselho de Administração da PT SGPS esclareceu que a AG agendada para 12 de janeiro se mantém e que "só os acionistas" é que podem decidir pela sua suspensão.
Relativamente às buscas na sede da empresa e na PwC realizadas na terça-feira pelas autoridades, a PT SGPS adianta que o relatório emitido pela consultora "não tem por objeto qualquer matéria submetida à apreciação ou deliberação dos acionistas na Assembleia-Geral".
A empresa, que detém a dívida da Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES), e uma participação na Oi, entende que "a informação prévia à Assembleia-Geral, nomeadamente a respeitante à proposta de deliberação e do documento informativo, cumpre integralmente as disposições legais aplicáveis", pelo que a AG mantém-se.