Cartoonistas portugueses condenam ataque ao jornal Charlie Hebdo

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 07 jan (Lusa) - Os cartoonistas portugueses André Carrilho, António Jorge Gonçalves e Rodrigo Matos afirmaram hoje à agência Lusa que a única resposta ao ataque de hoje ao jornal francês Charlie Hebdo, que causou 12 mortos, é a não intimidação.

"Estou em estado de choque. É uma verdadeira barbárie e é-me difícil compreender que o ódio no ser humano chegue a este ponto", afirmou António Jorge Gonçalves, que atualmente colabora com o jornal Público e com o suplemento Inimigo Público.

Para o cartoonista, o ataque ao jornal satírico francês é também um ataque à liberdade de expressão e os cartoonistas não podem deixar intimidar-se e baixar os braços.

André Carrilho, que colabora com o Diário de Notícias e várias publicações internacionais, como o Independent e a Vanity Fair, condenou o "ataque abjeto", feito para "silenciar todos os que não concordam com uma agenda extremista".

"O fundamentalismo dá nisto. Eu acho que devemos continuar a fazer o que fazíamos: Dizer a nossa opinião e viver da expressão livre da nossa opinião", disse.

Contactado pela Lusa, Rodrigo Matos, que em 2014 venceu o Grande Prémio Press Cartoon Europe, considerou que "toda a condenação é pouca para o fanatismo religioso" e para os que morrem "por expressarem livremente o seu pensamento, as suas opiniões".

Para Rodrigo Matos, que colabora com o Expresso, Macau Daily Times e Ponto Final, os jornalistas e cartoonistas não podem ceder ao medo.

"É como se estivéssemos entre a espada e a parede: Por um lado, temos esta situação que não nos deve passar ao lado, ou seja, qualquer cartoonista terá eventualmente de tentar fazer humor com este tema e os autores deste ataque estarão na mira das nossas canetas. Por outro, ninguém que ser vítima de outro ataque igual", disse.

O jornal satírico francês Charlie Hebdo foi hoje alvo de um ataque, em Paris, que causou 12 mortos e 20 feridos.

Entre as vítimas mortais estão o jornalista, cartoonista e diretor, Charb, e outros três cartoonistas: Cabu (Jean Cabut), Tignous (Bernard Verlhac) e Georges Wolinski.

Criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, o semanário Charlie Hebdo ficou conhecido nos últimos anos por publicar caricaturas do profeta Maomé, cuja reprodução é considerada uma blasfémia pelo islão.

São várias as capas do jornal que suscitaram a ira de muçulmanos mais fundamentalistas, entre as quais desenhos do profeta Maomé nu e numa cadeira de rodas, a ser conduzido por um rabino judaico.

O ataque, ainda não reivindicado, foi executado por dois homens armados com uma 'kalashnikov' e um 'lança-rockets', na redação do jornal, e que terão gritado "vingámos o profeta", segundo testemunhas citadas por uma fonte policial.

SS/(SBR)//GC

Lusa/fim

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