Oferta fora de bolsa da UnitedHealth causa "perturbação do mercado"

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 09 out (Lusa) - A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) justificou o prolongamento do prazo da oferta pública de aquisição da Fidelidade sobre a Espírito Santo Saúde (ESS) pela "perturbação do mercado" criada pela oferta fora de bolsa da UnitedHealth Group (UHG).

"Com a apresentação de uma proposta vinculativa, e tendo sido quebrada a confidencialidade da negociação, com publicação de notícias nos meios de comunicação social, deve considerar-se: existir uma perturbação da oferta pública em curso, e existir o intuito, por parte da UHG de, através desta estratégia negocial, alcançar os mesmos objetivos de uma oferta pública de aquisição concorrente, sem cumprir os requisitos do respetivo quadro legal", salientou o supervisor num esclarecimento prestado à Lusa.

A entidade liderada por Carlos Tavares sublinhou que a proposta apresentada pela UHG "dirige-se, indiretamente, aos mesmos destinatários da Oferta em curso, lançada pela Fidelidade, condicionada à aceitação prévia do acionista de controlo da ESS (aliás, à semelhança do que sucede com a Oferta em curso, condicionada à aceitação do acionista de controlo)".

Logo, segundo a CMVM, esta situação teve "o efeito inegável de fazer surgir dúvidas no mercado, e, em particular, nos destinatários da Oferta em curso".

O supervisor reforçou que "os eventos descritos causam uma indesejável perturbação do mercado, não permitindo a verificação das condições necessárias para a tomada de decisões de aceitação fundamentadas por parte dos destinatários da Oferta".

E vincou que cabe à CMVM assegurar que os acionistas da ES Saúde "não só dispõem de informação fidedigna e clara, conforme legalmente exigido, mas ainda que têm condições para assimilar essa informação devidamente, de forma a basear nela as suas decisões de investimento".

De acordo com a CMVM, "é absolutamente indesejável que os destinatários de uma oferta pública se vejam compelidos a aceitar ou rejeitar a mesma num contexto de incerteza relativamente à situação fática prevalecente, por força da existência de fatores externos à própria Oferta e que são perturbadores da mesma".

Por outro lado, realçou, "não deixa de ser verdade que a existência de negociações paralelas de caráter privado com o acionista de controlo da ESS coloca esta acionista numa posição diferenciada relativamente aos demais investidores detentores de ações da ESS, o que gera uma assimetria de informação indesejável e igualmente perturbadora do mercado e do regular processamento da Oferta".

A CMVM prorrogou hoje o prazo da OPA da Fidelidade sobre a ESS até 14 de outubro. Entretanto, a Fidelidade reviu em alta a contrapartida oferecida, de 4,82 euros para 5,01 euros por ação (enquanto o UHG oferece um valor unitário por ação de 5 euros).

DN // ATR

Lusa/fim

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