Cimeira das Pessoas decorre no Porto para criar estratégia europeia de combate à pobreza

Cimeira das Pessoas decorre no Porto para criar estratégia europeia de combate à pobreza
| Porto
Porto Canal/ Agências

A presidente da Rede Europeia Anti Pobreza Portugal, Joaquina Madeira, defendeu esta sexta-feira no Porto “uma sociedade mais humana, mais compassiva” que “não tolere que haja pessoas que não têm o mínimo para viver”.

A responsável falava na abertura da Cimeira das Pessoas, a decorrer no Porto, com o objetivo de impulsionar a criação de uma estratégia europeia de combate à pobreza, reunindo no debate, na Fundação Cupertino de Miranda, pessoas em situação de pobreza, organizações sociais, decisores políticos e instituições nacionais e europeias.

“São sentimentos que nos faltam, de humanidade. Temos que ter uma sociedade mais humana, mais compassiva. E, sobretudo, que não tolere que haja pessoas que não têm o mínimo para viver e que vivem na rua, por exemplo, ou crianças que estejam a passar fome, ou crianças que estão na escola e não aprendem porque não comeram ou não tiveram uma casa para viver”, disse Joaquina Madeira.

Em seu entender, “isto é intolerável numa sociedade como a nossa. Portanto, é este apelo, mais uma vez, que nós estamos a fazer aqui com muitos dos países que compõem a Europa. E Portugal aqui deu um exemplo porque já tem a sua estratégia. Não será a perfeita, mas já é um caminho que estamos a fazer”.

Numa Europa atualmente empenhada no reforço dos orçamentos para a Defesa, Joaquina Madeira, defende que a questão da igualdade de oportunidade e da coesão social também é uma forma de segurança das populações.

“Não é segurança física, mas é segurança da pessoa estar tranquila, sem stresse, em termos daquilo que é vital na vida, que é a sobrevivência. Portanto, eu quero-me convencer de que esses aspetos fundamentais, sobretudo desses grupos mais vulneráveis, vão ser garantidos, no que se refere às suas condições básicas de vida”, sublinhou.

Em declarações aos jornalistas, a presidente de Rede Europeia Anti Pobreza Portugal estimou que no país existam cerca de dois milhões de pessoas em risco de pobreza.

Havendo uma estratégia europeia, considerou, “naturalmente que os países são convidados também, cada um deles, a fazer a sua estratégia” de combate à pobreza".

“Felizmente, em Portugal, já está no terreno. Naturalmente, tem que ser reforçada, tem que se desenvolver, mas, fundamentalmente, é isso que nós queremos desta cimeira, é dizer que as necessidades sociais estão cá, continua a haver grupos vulneráveis que têm uma condição de vida que não é aceitável nas sociedades atuais e que é muito importante impulsionar para a criação dessa estratégia europeia, que poderá vir a reforçar a nossa estratégia e levar os outros países da Europa a construir a sua, para haver um foco nas pessoas que estão em condição de pobreza e de exclusão social”, acrescentou.

O que se pretende é que haja “um trabalho conjunto, um trabalho convergente que reforce estas políticas de atenção às pessoas mais vulneráveis e levantar a bandeira de que não é digno que haja pessoas numa Europa de alguma maneira desenvolvida que não estão a ser capazes de beneficiar dessa sociedade desenvolvida”, frisou.

Joaquina Madeira referiu “o acesso aos serviços e a um rendimento digno, nomeadamente das pessoas que trabalham e que continuam em situação de pobreza”.

“É a situação das crianças que nos aflige muito, porque é o futuro que está em causa. E, portanto, no fim de contas é reforçar aqui uma linha de ação que seja a bandeira destas pessoas que têm menos oportunidades e, sobretudo, para a garantia dos direitos humanos e sociais”, disse.

Joaquina Madeira acredita que à semelhança do trabalho que já vinha a ser feito, esta nova comissão europeia “demonstre que, de facto, há sensibilidade para isso, sabendo que no combate à pobreza e para a erradicação da pobreza falta, tem faltado, apesar de tudo, uma forte vontade política de erradicar a pobreza nos nossos países”.

“Porque, havendo vontade política, vão aparecer recursos e vão aparecer estratégias para resolver esse problema. Temos de ser coerentes. Dizemos que somos sociedades democráticas, humanistas, mas, na prática, nós não verificamos isto quando temos pessoas à margem”, considerou.

E acrescentou: “Temos uma sociedade um bocado deslaçada em termos de relações, em termos de empatia. Pensamos em nós, pensamos pouco nos outros. Se nós nos puséssemos nos sapatos dos outros, talvez conseguíssemos sentir mais do que perceber o que é estar na pobreza e estar e sentir-se excluído. E isso é que é o drama. Temos falta de empatia e de reconhecimento que qualquer um de nós, um dia, possa estar naquela situação”.

A proposta de criação de uma Estratégia Europeia de Combate à Pobreza, pela Comissão Europeia, surge num contexto em que 94,6 milhões de pessoas estão em risco de pobreza e exclusão social (dados de 2023).

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