Direitos dos trabalhadores da Coindu de Arcos de Valdevez definidos na próxima semana
Porto Canal / Agências
Os direitos dos 350 trabalhadores da fábrica da Coindu em Arcos de Valdevez, que encerrará no final de dezembro, vão ser definidos numa reunião no dia 6 de dezembro, revelou esta sexta-feira fonte sindical.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José Simões, que falava à agência Lusa no final do plenário de trabalhadores, disse que “a reunião, marcada para as 14:00, nas instalações da Coindu será entre o sindicato, a administração da empresa, o Governo e a Inspeção-Geral do Trabalho”.
“É uma reunião importante para tentar encontrar uma solução para o valor da indemnização a pagar aos trabalhadores. É obrigatório, está na lei”, afirmou.
Na segunda-feira, o SIMA revelou à Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
“Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem qualquer ação das autoridades competentes”, destacou o SIMA.
Na altura, a Lusa contactou a administração da Coindu, mas nunca obteve resposta.
O plenário, que decorreu esta sexta-feira durante mais de duas horas, foi realizado fora das instalações da fábrica instalada na zona industrial de Padreiro, porque “as instalações que foram postas à disposição não chegaram para acolher todos os trabalhadores”.
“Houve uma adesão de 100%. Foi um plenário histórico onde informámos, em pormenor, todos os direitos que os trabalhadores têm e mais aqueles que vamos acordar no dia 06”, destacou.
Segundo José Simões, os trabalhadores, “a grande maioria mulheres, manifestaram um descontentamento brutal pelo encerramento da empresa”.
“Eu escancarei logo a informação que é ponto assente: vocês não têm trabalho porque a empresa roubou-vos o trabalho. O trabalho que era para vir para aqui foi para a Tunísia, porque a mão de obra é mais barata e, portanto, o vosso trabalho foi para a Tunísia”, disse.
José Simões acrescentou que os trabalhadores “reafirmaram em bloco que querem os seus postos de trabalho”.
“As pessoas querem trabalhar. Não aceitam o encerramento da empresa. Há trabalhadores com 60 anos que não sabem o que vão fazer, que questionam sobre quem é que os vai aceitar com aquela idade”, acrescentou.
Na terça-feira, em comunicado publicado na sua página de Internet, o grupo Coindu justificou o encerramento da fábrica com a “deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado”.
“Esta decisão surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da atividade desta unidade. Nos últimos anos, o setor automóvel vem a sofrer uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão de obra mais baixos, nossos concorrentes diretos”, refere.
Segundo o grupo, “esta situação conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos à unidade nos Arcos de Valdevez”, especializada no ‘design’ e produção de componentes interiores para automóveis.
“Apesar dos intensos e prolongados esforços, infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica ativa”, acrescenta o CEO do grupo, António Cândido, destacando que “a entrada do Gruppo Mastrotto visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais”.