Poeta e escritor Luís Aguiar vence Prémio Judith Teixeira pela segunda vez
Porto Canal / Agências
O poeta e escritor português Luís Aguiar venceu, pela segunda vez, o Prémio Judith Teixeira, com a obra “Afrodite de Cnido”, anunciou esta terça-feira a Câmara Municipal de Viseu.
O prémio foi criado em 2016 pela Câmara de Viseu, através da Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva, com o objetivo de homenagear a escritora viseense Judith Teixeira, promover a fruição cultural, artística e poética e ajudar os autores na edição das suas obras.
Luís Filipe Gomes Aguiar Pereira, que já tinha vencido a primeira edição do prémio literário, com "O muro onde a sombra persiste”, viu novamente um trabalho seu ser escolhido pelo júri.
Natural de Oliveira de Azeméis, o escritor reside há vários anos em Águeda. Tem poemas publicados em jornais, revistas e antologias literárias e foi coautor do poema “O Fulgor da Língua - O Estado do Mundo”, promovido por Coimbra Capital da Cultura (2003).
Luís Aguiar, de 45 anos, já recebeu vários prémios literários, alguns dos quais levaram à publicação da obra.
À semelhança do que aconteceu com "O muro onde a sombra persiste”, também “Afrodite de Cnido” será publicada pela editora Edições Esgotadas, além de o autor receber um prémio monetário de 2.500 euros.
A entrega do Prémio Judith Teixeira está marcada para sábado à tarde, na Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva.
O Prémio Judith Teixeira distingue, bienalmente, uma obra de poesia, escrita em língua portuguesa, homenageando o nome e o legado da poetisa, que nasceu em Viseu em 1880 e morreu em 1959.
Na altura em que foi criado o prémio, em maio de 2016, a então vereadora da Cultura, Odete Paiva, considerou que “Viseu tinha obrigação de fazer esta homenagem”, até porque a obra de Judith Teixeira “não está divulgada” em Portugal, sendo mais conhecida no Brasil, o que se deve ao facto de escrever de forma polémica para a época.
Logo em maio de 2016, a Edições Esgotadas lançou “Obras completas - Lírica”, que inclui uma biografia da poetisa na qual se pode ler que, apesar de esta ter começado a escrever na adolescência, o seu primeiro livro, intitulado “Decadência”, saiu em fevereiro de 1923 e foi apreendido pelo Governo Civil de Lisboa.
Seguiram-se “Castelo de Sombras” e “Nua”, tendo Marcelo Caetano [que se tornaria presidente do conselho de ministros em 1968] escrito no jornal “Ordem Nova” que “tinham aparecido nas livrarias uns livros obscenos”, apelidando Judith Teixeira de desavergonhada.
“Depois de enxovalhada publicamente, ridicularizada, apelidada de lésbica e caricaturada em revistas, defendeu-se e contra-atacou na conferência ‘De mim’, cujo texto se apressou a editar”, refere a biografia.
Enfrentando “tudo e todos”, sete meses depois publicou “Satânia” e, em 1928, o “Poemeto das Sombras”, na revista “Terras de Portugal”.
“Depois disso, totalmente esmagada pela moral vigente, esta poetisa vanguardista viu-se sentenciada de ‘morte artística’ pela mão de José Régio”, acrescenta.