Psicólogo portuense relata a fome que se vive em Gaza

Psicólogo portuense relata a fome que se vive em Gaza
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Porto Canal

O psicólogo portuense Raúl Manarte, que está a trabalhar na Faixa de Gaza e deve ficar naquele território até ao final de novembro, relata, em entrevista ao Porto Canal, que a alimentação é “insuficiente”. A mesma realidade é vivida em relação aos medicamentos e materiais usados pelos profissionais de saúde.

 
 
 
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De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 80% da população da Faixa de Gaza não recebe alimentos há mais de um mês.

“Pelo que os nossos pacientes nos vão dizendo, a alimentação é muito insuficiente. Até os recursos de saúde são insuficientes, os medicamentos, os materiais que nós usamos”, afirma o psicólogo do Porto.

Raúl Manarte é também gestor de atividades de saúde mental da Médicos Sem Fronteiras. Sobre a evacuação de pacientes, conta que “no último sábado foi negada a evacuação de oito crianças do norte de Gaza. Um deles era um bebé de dois anos com as duas pernas amputadas. Pedimos extração para a Jordânia e foi negado. A situação é completamente calamitosa.”

Veja a entrevista completa:

 

A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 7 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles, entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 43.736 mortos (quase 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 103.370 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Segundo um relatório assinado por oito organizações internacionais de ajuda, Israel não atendeu às exigências dos Estados Unidos para permitir um maior acesso humanitário à Faixa de Gaza devastada pela guerra.

Em outubro, o governo norte-americano liderado por Joe Biden pediu a Israel que enviasse mais alimentos e outras ajudas de emergência para Gaza.

O relatório elencou 19 medidas de conformidade com as exigências dos EUA e concluiu que Israel não cumpriu 15, cumprindo apenas parcialmente quatro.

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