Já é Natal na Venezuela. “Boas perspetivas económicas” levaram Maduro a antecipar quadra festiva
Porto Canal / Agências
A antecipação, "por decreto", das festividades natalícias foi anunciada no início de setembro pelo Presidente da Venezuela, graças às "boas perspetivas económicas" deixadas pelo mês de agosto. "Cheira a Natal", disse na altura Nicolás Maduro, agradecendo o esforço do "povo trabalhador".
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O anúncio foi feito horas depois de a Procuradoria-Geral da República venezuelana ter ordenado a detenção do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, por alegados crimes relacionados com terrorismo.
"Estamos em setembro e cheira a Natal, cheira a Natal. E é por isso que este ano, em homenagem a vocês, em gratidão a vocês, vou decretar que o Natal será antecipado para o 1º de outubro", disse o Presidente.
"Setembro está a chegar e, graças ao facto de termos fechado o mês de agosto com boas perspetivas económicas, podemos dizer, e eu já disse: cheira a Natal", afirmou ainda, agradecendo aos compatriotas os esforços desenvolvidos em face aos ataques "fascistas".
"Na passada sexta-feira, 30 de agosto, durante o ataque mais forte contra o Sistema Elétrico Nacional [um apagão que afetou cerca de 80% do território venezuelano], o povo venezuelano deu uma bela demonstração aos fascistas e o povo saiu e foi trabalhar", sublinhou esta segunda-feira o líder bolivariano.
"O ataque elétrico criminoso fez parar a economia. Eles não conseguiram. O povo continuou a trabalhar, a laborar, e com o apoio da classe trabalhadora e do sindicato da polícia cívico-militar, garantimos a paz absoluta, conseguimos recuperar em tempo recorde de um dos golpes mais mortíferos contra a pátria", comentou ainda no seu programa na televisão venezuelana.
Não é a primeira vez que Maduro antecipa o Natal para outubro e intensifica durante esse período ao final de dezembro a distribuição de ajuda e sacos de alimentos nos bairros, através dos chamados Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP).
A tomada de posse de Nicolas Maduro está agendada para depois do Natal e do Ano Novo, para dia 10 de janeiro.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.