Israelitas detêm maioria dos terrenos para construção em Avenida de Campanhã

Israelitas detêm maioria dos terrenos para construção em Avenida de Campanhã
Porto Canal
| Porto
Pedro Benjamim

Os terrenos que delimitam a Avenida 25 de Abril em Campanhã, que prometem ser futuro na habitação da cidade, são propriedade de duas sociedades israelitas. Uma delas é proprietária de mais de 21 mil metros quadrados de terrenos para construção.

Por agora, os terrenos que circundam aquela avenida estão pintados de verde, cor das ervas que os ocupam e que provam o esquecimento daquela avenida que é abrangida pelo Plano de Urbanização de Campanhã e para onde estão previstos vários edifícios com diferentes usos.

 
 
 
Ver esta publicação no Instagram
 
 
 

Uma publicação partilhada por Porto Canal (@porto.canal)


Segundo documentos consultados pelo Porto Canal no Registo Predial do Porto a identidade dos proprietários mostra pouca pluralidade. Só a sociedade anónima Belsauvage - subsidiária do grupo israelita Taga Urbanic - é proprietária de mais de 21 mil metros quadrados de terrenos para construção que circundam a avenida, quase a totalidade da área disponível.

Mas a Belsauvage não é a única sociedade a deter terrenos na Avenida 25 de Abril. Também os israelitas da promotora imobiliária Douro Habitat são proprietários de parcelas no topo daquela artéria, junto à Escola Básica das Flores, onde está a nascer o Empreendimento das Flores.

O ponto que une estas duas sociedades israelitas, além da nacionalidade, prende-se com a arquitetura. O gabinete Ventura + Partners é autor do empreendimento das Flores, da Douro Habitat, e é também quem desenha o Verde Vale, empreendimento na Maia previsto para 2027, da Taga Urbanic.

Os mais de 21 mil m2 de terrenos para construção, na Avenida 25 de Abril, foram adquiridos pela Belsauvage, S.A., em outubro de 2023, a Francisco Ernesto Madeira Pinto, Maria de Fátima Marques Pinto Madeira e Eduardo Augusto Madeira Pinto.

Aqueles terrenos são peça fundamental para a resposta de habitação pensada no Plano de Urbanização de Campanhã. De acordo com documentos a que o Porto Canal teve acesso, aquela zona irá sofrer uma profunda mudança tornando-se num novo centro habitacional da cidade, e que está na mão de empresas detidas por israelitas. O autor do Plano, Joan Busquets, afirmava ao Porto Canal que aquela será uma zona de “desenvolvimento muito importante”.

 Porto Canal

No topo da avenida, já arrancou o empreendimento das Flores, da promotora imobiliária Douro Habitat, uma subsidiária da israelita Ashtrom, que adquiriu aqueles terrenos em março de 2022. Ali vai nascer um complexo habitacional com 159 apartamentos, além de uma zona comercial.

Com a compra dos mais de 21 mil metros quadrados pela Belsauvage, em 2023, o futuro da habitação naquele pedaço de cidade ficou controlado inteiramente por duas empresas detidas por israelitas.

Quem é quem?

A Belsauvage é uma empresa, cujo conselho de administração é presidido por Asaf Baumer, que é também diretor de operações do grupo Taga Urbanic. Fundado em 2018 por Zohar Gafni e Ariel Chiliyahu, tem como CEO Shlomi Avni. O grupo israelita anunciava, em agosto de 2021, uma aposta de 250 milhões de euros para o Porto.

Foi precisamente nesse ano, em dezembro, que nascia a Belsauvage, com sede em Lisboa. Uma sociedade por quotas com um capital de cinco euros, com dois titulares: a Bright Window, LDA e a Bright Tax, LDA, empresas com sede na mesma morada de Lisboa e com um denominador comum: Miguel Silva Coutinho, um economista que em 2018 fundou a idPortugal, uma empresa que presta serviços de consultoria fiscal e de gestão a clientes particulares e empresas. Era ele próprio o gerente da Belsauvage, cargo ao qual renunciou em 11 de setembro de 2023. Dois dias depois a empresa rumava a Norte. A sede deixava Lisboa e passava a localizar-se em Vila Nova de Gaia. O grupo israelita Taga Urbanic passava a ser o titular único da empresa. Nessa altura Asaf Baumer era nomeado gerente, contudo a decisão tem data de dia 7 desse mês, quatro dias antes da mudança de titular.

Depois de ter sido criada com um capital de cinco euros e esse valor ter sido aumentado para dez euros, em outubro de 2023 há um novo aumento do capital social da empresa, desta vez para 50 mil euros. Nessa mesma data, a Belsauvage deixa de ser uma sociedade por quotas para passar a ser uma sociedade anónima.

Dois meses depois, em Dezembro, Asaf Baumer renunciava ao cargo, consequência da renúncia da Taga Urbanic, administradora que o havia designado.

No mesmo dia, era o mesmo Asaf Baumer designado administrador único, agora pela empresa Shaking Reasons - atividades imobiliárias unipessoal LDA, para exercer o cargo em nome próprio, num mandato até 2026.

Esta nova empresa havia sido criada em maio de 2022 pelo grupo israelita Taga Urbanic e pela Admirable Maneuver. O gerente é o mesmo Asaf Baumer, sendo esta uma empresa que partilha sede com o grupo israelita. Esta última é uma sociedade por quotas detida maioritariamente pelo Taga Urbanic. No entanto, com posição minoritária aparece a Ella or Port, LTD, uma empresa com sede em Tel Aviv, capital de Israel.

A Taga Urbanic chegou a Portugal em 2018 com a identidade Theorikdetails - Atividades Imobiliárias, LDA, mudando para a atual designação em maio de 2021. O grupo tem em Portugal o segundo maior mercado com 19 projetos, num total de 1250 habitações. Em primeiro lugar está Israel com 35 projetos imobiliários, marcando presença também no Reino Unido, nos Estados Unidos da América e na Alemanha.

A Norte de Portugal a Taga Urbanic já desenvolveu 12 empreendimentos - nove deles no Porto. No entanto, o futuro passa por Vila Nova de Gaia, com dois projetos previstos para 2025 e 2026 e pela Maia, com outro previsto para 2027.

Porto Canal

Projetos desenvolvidos pela Taga Urbanic

A mais recente adição à estrutura acionista da Taga Urbanic acontece em fevereiro deste ano com a entrada do novo sócio Diamondskills Unipessoal, LDA, uma empresa com foco no setor imobiliário.A sociedade tem sede na mesma morada do grupo israelita e é detida pela Etz Hashaked Portogal, LTD, empresa sediada em Israel. O gerente é Adalmiro Pereira, economista e docente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.

A Douro Habitat detém cerca de quatro mil metros quadrados de terrenos no topo da Avenida 25 de Abril, onde está a desenvolver o Empreendimento das Flores, um edifício com habitação e comércio desenhado pelo atelier portuense Ventura + Partners.

A empresa é uma subsidiária, incluída no setor das operações internacionais, do grupo israelita Ashtrom, que opera no setor da construção e imobiliário, que por sua vez é uma subsidiária da Unedco United Engineering and Development Company Ltd.

O Conselho de Administração da Douro Habitat é presidido por Moshe Perlson, que tem morada em Matosinhos. O israelita ocupa o cargo desde abril de 2008, substituindo Haim Gueron. De acordo com os documentos que o Porto Canal consultou, ambos declaram a mesma morada, em Leça do Balio.

Tem ainda como vogais Eyal Dvori, bem como Ana Paula Alves, que declara como morada a mesma rua e número de porta do presidente do Conselho de Administração, mas com diferente código postal e em Vila Nova de Gaia. De acordo com as pesquisas efetuadas não foi possível apurar a existência de tal morada naquele município.

Esta é uma das subsidiárias dos israelitas Ashtrom, fundada em 1963, e que através de doze subsidiárias tem no portfólio do setor da construção o Aeroporto Internacional Sangster e vários hotéis na Jamaica, um hospital na Guiné-Equatorial, além de edifícios comerciais na Sérvia, na Bulgária e na Roménia.

O grupo israelita Ashtrom é liderado por Rami Nussbaum, presidente do Conselho de Administração e cujo diretor executivo é Gil Gueron, cargo que ocupa desde 2011. Apesar de ser uma empresa ligada ao setor da construção, a Douro Habitat está dependente da Ashtrom International, cujo diretor executivo é Zachi Boneh.

Plano de Urbanização de Campanhã

Na apresentação do Plano de Urbanização de Campanhã, o presidente da Câmara do Porto afirmava que iria trazer à cidade “uma verdadeira revolução urbanística”. Em janeiro de 2023, Rui Moreira defendia que o projeto pretende gerar uma “nova centralidade capaz de resgatar a zona oriental de décadas de abandono, decadência e descaracterização”.

Nesse sentido, o que está a ser pensado para a zona de Campanhã promete torná-la “irreconhecível”, através de uma “ampla intervenção urbanística” e de “profundas alterações”.

De acordo com documentos a que o Porto Canal teve acesso, o Plano de Urbanização de Campanhã prevê vários edifícios com diferentes usos para a Avenida 25 de Abril.

+ notícias: Porto

Cineclube do Porto despede-se da Casa das Artes no ano que celebra 80 anos

O Cineclube do Porto, que assinala 80 anos a 13 de abril, vai sair da Casa das Artes no final de março e está à procura de uma nova sede, avançou a presidente do cineclube.

Greve da função pública adia sessão de abertura do Fantasporto para domingo

As sessões do primeiro dia do Fantasporto - Festival Internacional de Cinema do Porto, que teriam início esta sexta-feira no Batalha Centro de Cinema, não se realizam, devido à greve da Função Pública e Administração Local, anunciou a organização do certame.

Grande Porto tem novo centro pediátrico para atender pulseiras verdes e azuis

O Grande Porto conta a partir deste sábado com um Centro de Atendimento Clínico Pediátrico (CAC-P) que dará resposta aos quatro grandes hospitais da região e terá capacidade para atender 100 a 150 crianças por dia.