André Villas-Boas: “Temos que operar a mudança para levarmos o FC Porto onde queremos”

André Villas-Boas: “Temos que operar a mudança para levarmos o FC Porto onde queremos”
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Porto Canal

André Villas-Boas concedeu uma grande entrevista ao canal Now.

Vítor Bruno “tem sido inexcedível” é “o homem certo” no lugar certo. As palavras são de André Villas-Boas, dirigente responsável pela escolha do novo treinador do FC Porto que, numa extensa entrevista ao canal Now, elogiou as “linhas orientadoras”, a “visão” e o “conhecimento do clube” do técnico de 41 anos.

Mas o presidente do FC Porto não se pronunciou só sobre Vítor Bruno. Falou também sobre um passado recente em que faltou “caminhar para a sustentabilidade do clube”, por isso “os sócios acabaram por ditar a mudança”, sobre o “investimento em competência profissional” de vários diretores, na necessidade de “cometer cada vez menos erros” e ser “muito mais cirúrgico a operar no mercado”, nas “obrigações a cumprir, entre as quais o licenciamento da UEFA” e na vontade de “recuperar o FC Porto negociador”.

“A preocupação de reduzir massa salarial e os custos” faz com que Pepe esteja de saída, mas “as portas do FC Porto estarão sempre abertas para ele” e para a devida homenagem a Sérgio Conceição: “Os 365 dias do ano estarão livres para quando ele entender”. Com o sucessor ao leme, “a margem de erro é mínima” e há que continuar a “entregar títulos”, pois “todas as pessoas que trabalham no FC Porto sabem que o título de campeão nacional é a ambição”. Eis a conversa na íntegra.

As eleições de 27 de abril
“Foi uma vitória muito positiva, uma vitória dos sócios, sobretudo pela afluência histórica às urnas. Claro que para este resultado é um conforto, dá-nos uma margem de manobra importante, porque foi inegavelmente a vontade de os sócios fazerem essa mudança na administração do FC Porto. Agora é dar sustento a todos os nossos projetos, à reestruturação do FC Porto, à sua sustentabilidade financeira e, claro está, à sua glória, da qual estamos rodeados no Museu.”

Um novo rumo
“Os sócios acabaram por fazer a sua própria leitura da situação do FC Porto. É evidente um desejo de mudança pelos números expressivos da vitória. Infelizmente para o FC Porto tivemos uma situação em que a sustentabilidade financeira não igualou o sucesso desportivo. Foi de tal forma díspar que enquanto elevámos na nossa glória não soubemos caminhar para a sustentabilidade do clube. Eu acho que com base no programa eleitoral que lançámos e com as ideias de reestruturação financeira do FC Porto, crescimento da marca, nova colocação da marca, novas mentalidades e também crescimento do futebol português, os sócios acabaram por desejar esta mudança e por ditar esta mudança. Com a vontade dos sócios presente, nos próximos anos temos que operar a mudança para levarmos o FC Porto até onde queremos.”

Preparação da nova época
“Torna-se, sem dúvida, mais difícil. Daí que uma das nossas reestruturações, do ponto de vista da direção desportiva, tenha sido profunda. Portanto, nós, no caso da direção desportiva, estamos a fazer um investimento em competência profissional. Reformatámos todo o edifício da direção desportiva e temos fechado um novo diretor de scouting, um novo diretor da formação, um novo diretor da performance e um novo diretor do futebol profissional na figura do Jorge Costa. Aqui estamos numa fase de investimento, porque temos que ser muito mais cirúrgicos a operar no mercado, muito mais clínicos e cometer cada vez menos erros. Temos consciência da dificuldade com a qual nos deparamos atualmente para operar no mercado com os melhores jogadores. Há jogadores e situações com as quais não podemos competir. No entanto, trazendo estas competências para dentro de casa, poderemos ser cada vez mais cirúrgicos e escolher os jogadores que nos permitam ter plantéis competitivos.”

Um clube exportador
“Temos bastante valor nos nossos plantéis para alcançarmos as mais-valias e as receitas necessárias para operáramos no mercado. O futebol português sempre foi um mercado que exporta muito em qualidade e em talento. Penso que poderemos ser assediados nesse sentido. Se não formos, seremos capazes de reter essa qualidade. No entanto, temos obrigações para cumprir, entre as quais o licenciamento da UEFA...”

Diogo Costa, Pepê e Francisco Conceição
“Nunca se está disponível para abrir mão de talento tão bom, não é? E a realidade é que são jogadores muito importantes no FC Porto, que estão acompanhados de cláusulas de rescisão. O FC Porto sempre vendeu também muito bem. Não tanto nestes últimos anos, quando asfixiados por um garrote financeiro e pelo licenciamento da UEFA, que nos obriga a operar no mercado de outra forma, mas queremos recuperar o FC Porto negociador. Para recuperarmos esse FC Porto mais agressivo na venda de jogadores no mercado, e capaz de reter talento, temos que crescer financeiramente. Portanto, cada coisa a seu tempo. No entanto, teremos que olhar para o mercado dessa forma. Se acontecerem vendas, saber investir é fundamental e daí esse investimento na reestruturação da direção desportiva.”

Pepe
“Tive uma conversa privada com o jogador. Naturalmente, não a queria tornar pública. O que eu transmiti ao Pepe, e que é de bom senso comum, é que o seu futuro está intimamente ligado ao FC Porto, seja do ponto de vista apenas emocional ou seja até do ponto de vista profissional. Sobre a sua continuidade enquanto jogador do FC Porto, isso não irá acontecer, foram-lhe explicadas as razões pelas quais infelizmente não poderá acontecer. No entanto, temos o máximo de respeito pela sua carreira.”

Contenção de custos
“Há um caminhar diferente e há também a preocupação de reduzir massa salarial e os custos do novo FC Porto. Isto foi explicado claramente ao Pepe e ele compreendeu. Irá tomar a decisão que entender relativamente à sua carreira e as portas do FC Porto estarão sempre abertas para ele.”

Vítor Bruno
“Olhámos sempre para o Vítor no sentido da continuidade. Quando olhámos para o cenário, entre mim, o Andoni Zubizarreta e o Jorge Costa, foi um tema que foi fechado relativamente rápido. Tivemos reuniões que nos fizeram ver que este era o caminho a seguir. Temos muita confiança no trabalho que o Vítor possa desenvolver. A sua apresentação causou muita boa impressão nos sócios, mas também pelas suas linhas orientadoras, pela sua visão, pelo que conhece do clube e pelo que sabe que este clube é. Tudo isto foi muito positivo para nós, foi a constatação de que este é o homem certo e depois toda a parte contratual resolveu-se de forma muito rápida.”

O objetivo número um
“Não preciso de pedir, porque o próprio sabe que é uma obrigação. Todas as pessoas que trabalham no FC Porto sabem que o título de campeão nacional é algo que ambicionamos. Foi para mim a maior honra ser campeão nacional pelo FC Porto. Será certamente para o Vítor também e seguramente será isso que ele procurará.”

Recursos à altura do desafio
“Temos a responsabilidade de lhe oferecer plantéis competitivos e nisso o Vítor tem sido inexcedível, na compreensão dos dossiês e no que requer para a construção de uma equipa vencedora. Fruto das conversas que temos com ele, temos plena consciência do que é que o Vítor deseja e estamos a intervir no mercado nesse sentido.”

Homenagem a Sérgio Conceição
“Naturalmente estava agendada no momento da rescisão contratual, o que acabou por não acontecer. Mas posso garantir que os 365 dias do ano estarão livres para quando ele entender.”

Pouca margem de erro
“É uma exigência dos sócios, é o ADN do nosso clube e, por isso, estamos neste Museu rodeados de tão belos troféus e de tanto prestígio nacional e internacional. Acho que é uma vantagem ter um presidente-adepto tão profundo como eu sou e como são os membros da minha equipa profissional, porque sabemos quais são as exigências dos sócios para connosco. Sabemos perfeitamente que a nossa margem de erro é mínima e que temos que entregar títulos.”

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