Museu do Porto paga renda na Alfândega há três meses, mas espaço continua vazio
Ana Francisca Gomes
A Câmara do Porto ainda não deu início à instalação do núcleo central do Museu do Porto no edifício da Alfândega, apesar de desde março pagar 12 mil euros mensais de renda por um piso. Os trabalhos atrasaram com a mudança na direção municipal da Cultura, esclarece ao Porto Canal a autarquia que está agora a organizar uma exposição temporária para o espaço.
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Foi a 12 de fevereiro que o executivo municipal aprovou, com abstenção do Bloco de Esquerda, a celebração de um contrato entre o município do Porto e a Associação para o Museu de Transportes e Comunicações (cessionária do Edifício da Alfândega) para a instalação no núcleo central do Museu do Porto no primeiro piso da ala nascente. O contrato assinado teve início no mês de março e desde aí que a autarquia liderada por Rui Moreira tem pago mensalmente 12 mil euros (mais IVA).
O Museu do Porto é um conjunto de 17 espaços culturais da cidade, desde bibliotecas, quintas, parques, jardins, e o próprio arquivo histórico. No início do ano de 2023, após Jorge Sobrado ter assumido a direção das Bibliotecas do Porto e do então “Museu da Cidade”, foi anunciada uma reestruturação. É desse novo modelo que surge a intenção de criar um núcleo central para o Museu - que até então não existia.
Apesar dos 36 mil euros (mais IVA) já pagos, equivalente a três meses de renda, o Porto Canal apurou que ao início desta semana o piso alugado permanecia vazio, não tendo ainda sido iniciado o transporte do espólio. O município escuda-se na saída de Jorge Sobrado da direção do Museu e das Bibliotecas do Porto para a vice-presidência para a Cultura na CCDR-Norte.
“Com a mudança na direção houve um ligeiro atraso no processo, compreensível com a transição e assunção de funções da nova diretora municipal da Cultura, Alexandra Cerveira Lima, que teve de se inteirar de todos os processos e dossiers em curso”, esclareceu o Departamento Municipal de Comunicação e Promoção em resposta ao Porto Canal, que acrescentou que o trabalho previsto “continua a ser desenvolvido”, uma vez que já foi “feito o levantamento (desenho) do espaço e estruturas existentes”.
O município informou ainda que está a ser preparada de momento uma “exposição temporária, a inaugurar em data a anunciar brevemente” no no primeiro piso da ala nascente. Durante a sua estadia na Alfândega, o núcleo central do Museu do Porto vai poder coexistir com outras exposições.
Na proposta da celebração do contrato, votada em fevereiro, o presidente da autarquia escrevia que a área arrendada foi “objetivo de avaliação externa, tendo sido estimado o valor de renda mensal em 15 mil euros”. Assim, afirmava Rui Moreira, “o município pagará uma renda mensal inferior à renda de mercado estimada” pelo espaço de 2000 metros quadrados. O contrato celebrado terá a duração de dois anos e renova-se automaticamente por períodos de um ano.
À espera da morada definitiva no Palácio de São João Novo
A passagem do Museu do Porto (antigo ‘Museu da Cidade’) pelo edifício da Alfândega deverá ter uma duração de sete anos. O seu núcleo central está à espera da reabilitação e recuperação do Palácio de São João Novo - que será a sua morada definitiva.
Em fevereiro, fonte da autarquia avançou ao Porto Canal que este ano vai ser feito o estudo de patologias do edificado e o levantamento integral. Só em em 2025 é que se inicia o “projeto de arquitetura, 'fit out' e museografia” da estrutura que pertence ao Ministério da Cultura. “Seguem-se depois especialidades e concurso de execução”.