Metrobus à lupa: o bom aliado de Pau, França, em vésperas de arrancar no Porto
Fábio Lopes e Maria Leonor Coelho
O Porto dá as boas-vindas a um novo sistema de mobilidade no final deste verão. Em vias de chegar à Invicta, o metrobus já revolucionou várias cidades europeias. Os exemplos de Nantes, Aalborg e Pau acalentam a esperança de uma melhor resposta nos transportes públicos da Invicta.
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Localizada no coração dos Pirinéus, Pau tem vindo a destacar-se na melhoria dos transportes públicos, com o metrobus como joia da coroa. Em circulação desde 2019, o Fébus, como é apelidado, tem conquistado a população local.
“O autocarro é silencioso, rápido. Não há mesmo problemas com o F (metrobus) aqui em Pau”. “Se eu morar no centro da cidade eu apanho o Fébus todos os dias, não o meu carro”, relatam os moradores da comuna francesa, situado paredes meias com a vizinha Espanha.
Com capacidade para 125 passageiros, estes veículos servem 14 estações, ao longo de seis quilómetros de vias dedicadas, unindo os principais pontos da cidade. Diariamente, são mais de 8 mil as pessoas que recorrem a esta solução, que liga o norte ao sul da cidade, passando pelas movimentadas áreas administrativas e estudantis, onde estão sediadas as faculdades.
“A linha une a principal zona de atratividade de emprego dentro deste setor. Neste sentido, é uma linha estrutural, prioritária que passa pela universidade, pela zona administrativa, geradora de muito emprego, onde há muitos estudantes”, relata ao Porto Canal Nicolas Patriarche - Vice-presidente da comuna de Pau Béarn-Pyrénées.
O sucesso do projeto gaulês escreve-se, igualmente, em português, graças ao esforço de Carlos Amaro. Natural de Castelo de Paiva, mas em solo francês há mais de uma década, Carlos, Técnico de hidrogénio do Fébus (como é apelidado o metrobus) é um dos rostos que torna este sistema operacional e eficiente, com tempos de espera entre os 8 e os 10 minutos.
Uma solução pioneira, uma vez que este foi o primeiro sistema a hidrogénio do mundo, à imagem do que será no Porto.
“Efetivamente, o metrobus é uma montra sobre a vila, uma montra de zero emissões, zero carbono”, sublinha Jean Bernard Feltmann - Diretor-geral da Idelis, operadora desta solução de mobilidade sobre rodas.
Desde o seu arranque, o sistema já evitou a emissão de mais de mil toneladas de CO2, fomentando ainda uma profunda reestruturação urbana.
“O hidrogénio é uma tecnologia de zero emissões. Não há emissão de CO2. Mas é preciso ter a certeza de termos eletricidade limpa. Ou seja, a nossa eletricidade vem das barragens dos Pirinéus. Daí serem energias renováveis”, esclarece Pierre Ganchou - Diretor de Projetos da Idelis.
As melhorias introduzidas pelo metrobus em solo gaulês são visíveis e refletem-se nas palavras dos utilizadores. Um sucesso expresso também na vontade de extensão da própria linha, que terá na cidade do Porto um novo protótipo.
“Nós demonstrámos a Pau que é possível. Fazemo-lo todas as manhãs, desde há 5 anos, desde 2019 e é, ao mesmo tempo, um excelente gesto para o meio ambiente das gerações futuras, remata Jean Bernard Feltmann, de sorriso no rosto.
“Hoje demoramos cerca de 17 minutos para chegar do hospital à Gare ou da Gare ao hospital. Antes demoravas mais de 25 minutos. É a principal linha. Gera 20% de validações de todo o circuito de bus e não pára de crescer”, remata o responsável.
Este é assim um projeto que deu a Pau “uma grande visibilidade na Europa e no mundo”, traça Nicolas Patriarche. Mais do que um antídoto contra o tímido volume de trânsito em Pau, afigurou-se como uma arma imprescindível para que seja cumprida a meta de descarbonização da cidade francesa até 2030.
Na iminência de ser implementado em solo portuense, o novo serviço da Metro do Porto, que ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) este ano, vê no exemplo de Pau um bom aliado, tendo em vista uma melhor resposta dos transportes públicos da Invicta.