Estudantes pró-Palestina apelam à mobilização de toda a Academia do Porto

Estudantes pró-Palestina apelam à mobilização de toda a Academia do Porto
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Porto Canal/Agências

Os estudantes que desde quinta-feira à noite estão concentrados no jardim da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em defesa do povo palestiniano apelaram esta sexta-feira à adesão de todas as associações de estudantes da Academia a este movimento.

Os ativistas exigem que a Universidade do Porto corte as relações que mantém com o estado de Israel, porque “infelizmente a Ciência não é neutra e tudo o que apoia o estado de Israel, sejam empresas públicas ou privadas, apoia o genocídio que está a decorrer agora”, disse à Lusa, uma porta-voz deste movimento.

Joana Bernardes, estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, considerou que “a academia não se pode silenciar perante a tentativa levada a cabo por parte de órgãos de direção das faculdades de utilizar os estudantes como peões nos seus jogos de poder”.

Por isso, “lançamos este apelo a que se juntem a nós, porque a unidade dos estudantes irá superar as intentonas burocráticas e antidemocráticas que visam impedir a luta pelo direito do povo palestiniano à sua autodeterminação”, disse.

“A Universidade do Porto, que diz-se pelos direitos humanos, pela solidariedade e que nos incita a sermos críticos, deveria apoiar-nos a não normalizar este genocídio”, sublinhou.

Joana Bernardes disse que há professores que “compreendem e apoiam a causa” destes estudantes, referindo-se em concreto à realidade da Faculdade de Belas Artes do Porto.

“Viemos para a Faculdade de Ciências porque queremos pôr o dedo na ferida e apelamos a que todos os docentes, que tem esse privilégio de ser docentes, nos apoiem nesta causa”, referiu, acrescentando que até ao momento “apenas” tiveram a solidariedade de alguns trabalhadores, que lhes levaram “uns bolinhos e palavras de motivação”.

Sabemos que outras faculdades, como as de Letras e Arquitetura, que são “mais politizadas”, se posicionam "firmemente contra o genocídio”, afirmou.

“Apelamos a que os estudantes se unam a nós, vamos ter várias atividades, como por exemplo cinema palestiniano, hoje durante a tarde”, acrescentou.

Quanto à continuação do protesto, Joana Bernardes afirmou que as decisões são tomadas dia a dia, em assembleia de estudantes, mas acrescentou: “sabemos que as nossas reivindicações são justas e não vacilaremos. Se o Reitor cessar as relações com Israel daqui a meia hora, nós saímos daqui contentes e eu vou continuar as minhas aulinhas e mestrado. Se não for essa a resposta, continuaremos”.

Na semana passada, o grupo de estudantes manifestou-se em frente ao edifício da Reitoria para exigir o corte de relações com o estado de Israel, tendo sido recebido pelo Reitor, António Sousa Pereira.

Foi-lhes explicado que a Universidade do Porto não mantém relações com o estado de Israel, mantém apenas “relações esporádicas com entidades académicas” israelitas e que o corte dessas relações poderia ser “contraproducente”.

Cerca das 22:30 de quinta-feira, mais de 50 estudantes e ativistas de movimentos da sociedade civil ocuparam o Departamento de Ciência de Computadores, tendo, pouco tempo depois, sido informados que não poderiam permanecer no interior decidindo, então, concentrar-se no exterior daquele edifício.

Contudo, às 00h13, os seguranças fecharam “por indicações superiores” as portas daquele departamento, onde no interior se encontravam mais de 10 alunos a estudar que tiveram de abandonar o espaço, constatou a Lusa no local.

À porta, aqueles estudantes contestaram e lamentaram a decisão por terem ficado privados do local de estudo, criticando e acusando os manifestantes pelo sucedido.

Os manifestantes exigem que a Universidade do Porto “rompa imediatamente todas as relações que mantém com instituições e empresas israelitas e que condene oficialmente o atual genocídio na Palestina”.

A ação faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

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