Ex-diretor da PJ alerta para infiltração de movimentos extremistas nas forças de segurança
Porto Canal
Gil Carvalho, ex-diretor da Polícia Judiciária, alerta para o “perigo” de haver movimentos e forças políticas extremistas infiltrados nas forças de segurança.
“Já há muito tempo que se fala que há movimentos e fações políticas extremistas que muitas vezes podem estar infiltrados nos órgãos de polícia criminal, não digo que não. Em várias situações, noutros períodos da história política portuguesa, já houve esse tipo de perigos, já houve esses indícios. Isso já aconteceu no pós-25 de abril e é um perigo”, considerou Gil Carvalho em declarações ao Porto Canal.
Os elementos PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há mais de três semanas em protestos, depois de uma iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa se ter espalhado por todo o país.
A plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança escreveu ao primeiro-ministro sobre a “situação limite” dos profissionais que representam, alertando para um eventual “extremar posições” perante a “ausência de resposta” do Governo. Em ofício datado de sábado e enviado na sexta-feira, a Plataforma dos Sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Associações da Guarda Nacional Republicana (GNR) transmite a António Costa que “os polícias chegaram ao limite, podendo desesperadamente extremar posições, como as que estão a desenvolver-se por todo o país”.
No passado sábado, o jogo entre o Famalicão e o Sporting, que se deveria ter realizado às 18h, foi cancelado devido à falta de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Para o comentador do Porto Canal é necessário olhar com preocupação para a situação deste sábado. “Foi uma situação que se calhar ainda não se viu a nível de outros órgãos essenciais - desde a saúde à justiça – e foi uma coisa muito extrema”.
“O que aconteceu ontem não pode acontecer, isso é levar ao extremo. E quando se leva ao extremo, numa situação política em que de facto não é possível haver negociação... mais tarde ou mais cedo esse tipo de atitudes vai-se virar contra eles. Muito embora as pessoas não ponham em causa a legitimidade e a justiça de muitas das reivindicações”.
“O país não pode viver sem segurança, nem as pessoas que fazem segurança podem viver sem executar as suas missões”, realça.
Gil Carvalho considera que, com as manifestações da PSP e da GNR, a ordem pública nunca vai estar posta em causa, já que “temos uma lei de segurança interna em que há vários órgãos que podem ser chamados, e no limite as forças de segurança são várias e as Forças Armadas também fazem parte e as pessoas não se podem esquecer disso”.
Ainda no passado sábado, em declarações à SIC Notícias, o presidente do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL), Armando Pereira, admitiu eventuais impactos na realização das próximas eleições legislativas.