Oposição teme futuro do Museu da Imprensa após Câmara do Porto aprovar desvinculação
João Nogueira
A Câmara do Porto aprovou, por maioria, a desvinculação da 'Associação Museu da Imprensa' na reunião de executivo desta segunda-feira. A decisão acontece após diversas tentativas do município para viabilizar o Museu. A oposição reconhece que a saída do município surge após esgotadas todas as alternativas, mas há preocupações sobre o futuro do espaço que está encerrado há 16 meses.
“A única solução que nós vimos como possível é sairmos desta associação, que não cumpre o seu papel, e trabalharmos no tema do Museu da Imprensa e salvaguardar aquele património”, avançou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, no final da reunião privada do executivo.
O edifício está cedido para a associação, mas com a saída do município, o museu “terá depois espaços subsequentes que (a autarquia) vai tomar”, continuou Filipe Araújo.
A proposta do partido independente de Rui Moreira, foi aprovada por maioria, com os votos contra a partirem do Bloco de Esquerda e da CDU.
“Consideramos que a pior situação é esta, a Câmara sair da Associação”, disse Ilda Figueiredo, vereadora da CDU. O partido acompanha “com grande preocupação” a decisão e sublinha que a intervenção municipal naquele espaço era a única “garantia de que o Museu tivesse condições para prosseguir no futuro”, num momento em que o Estado Central não intervirá sobre o assunto devido ao contexto político atual.
Já o Bloco de Esquerda declarou que “a desvinculação não é necessária e é até problemática”. A vereadora Maria Manuel Rola teme que, com a saída da autarquia, “o museu fique entregue a fantasmas e à Global Media”, um dos associados, e expôs que o partido votou contra por entender que “não foram esgotadas todas as soluções”.
Apesar de entender que a situação “não é desejável”, o PS reconhece que “face às circunstâncias que estão em cima da mesa, é uma situação inevitável”. “Compreendemos que a Câmara queira sair (...) e gostávamos e desejamos que a situação seja salvaguardada, que o edifício possa continuar a existir com a sua entidade muito própria e fundamental, devido ao seu espólio”, declarou Rosário Gambôa.
O PSD afirmou ser “claramente favorável” à proposta, considerando que a Câmara do Porto “foi tentando todas as hipóteses até chegar a este limite”. As palavras são de Alberto Machado, dos sociais democratas, que questiona a viabilidade da atual associação: “Ficam agora apenas seis associados, nem sequer cumpre o número mínimo de elementos que uma associação deve ter”.
O tema do Museu Nacional da Imprensa remete para junho de 2022, altura em que a Câmara tomou posse do edifício. Seguiu-se uma visita dos Sapadores Bombeiros do Porto que revelou “a inoperacionalidade do sistema automático de deteção de incêndio”.
Por isso, o espaço acabou por fechar portas em agosto de 2022 e assim continua até hoje. Além da preocupação relativamente ao fecho, há também um passivo superior a 190 mil euros acumulado e quatro funcionários que têm os seus salários pendentes.
A Câmara tentou a dissolução da associação, para tomar posse do edifício, algo que foi repugnado com uma providência cautelar a 5 de janeiro deste ano pelo Centro de Formação de Jornalistas.