O futuro Campo Alegre será muito mais que uma estação de Metro

O futuro Campo Alegre será muito mais que uma estação de Metro
| Porto
João Nogueira

Os trabalhos da nova Linha Rubi do Metro do Porto estão prestes a arrancar e, entre todas as intervenções projetadas, destacam-se as intervenções mais sensíveis: a nova ponte sobre o Douro e a integração urbana na zona do Campo Alegre. Neste setor da cidade, o projeto da Metro vai muito além dos carris. Na verdade, a passagem do metro é apenas pretexto para um projeto de transformação e integração do Polo III da Universidade do Porto. Por isso, o futuro do Campo Alegre é mais que uma estação de metro.

A passagem da Linha Rubi pelo Campo Alegre promete revolucionar a zona e traz à memória ideias e projetos que foram pensados para a zona ao longo do último século.

A sua localização relativa entre o centro da cidade e a Foz sempre fez daquele um território sensível e objeto de vários projetos e de muito interesse. Exemplo desse interesse é a Universidade do Porto, que ali se estabeleceu desde os anos 30.

 
 
 
Ver esta publicação no Instagram
 
 
 

Uma publicação partilhada por Porto Canal (@porto.canal)

A construção da Ponte da Arrábida e os respetivos acessos em 1963 mudaram a condição daquele território e ofereceram-lhe condições únicas.

A primeira proposta para a ponte remonta a 1916. O Campo Alegre passou a ser encarado como uma das principais portas da cidade, levando a Câmara do Porto a reconhecer a necessidade de pensar a sua urbanização. Há um histórico de planos que quase foram concretizados para urbanizar a área.

"Foram estudados durante 30 a 35 anos planos de urbanização específicos para o Campo Alegre", refere Sílvia Ramos, arquiteta e docente na Faculdade de Arquitetura. Cinco planos foram desenvolvidos por arquitetos nacionais e estrangeiros que colaboraram no gabinete de Urbanização da Câmara do Porto, incluindo o italiano Giovanni Muzio e o francês Robert Auzelle, bem como propostas dos portuenses Januário Godinho e Fernando Távora.

"Independentemente da estratégia escolhida, todos eles desejaram desenhar uma porta de entrada para a cidade", explicou Sílvia Ramos. "Além disso, pensaram no Campo Alegre como um lugar público", continuou a arquiteta, destacando a "construção de uma memória coletiva que os arquitetos ofereciam em cada plano". "É clara a continuidade das ideias."

No entanto, poucas das ideias dos cinco arquitetos viram a luz do dia, resultando na "construção de vários fragmentos" (conhecidos como Via Panorâmica) e numa "coletânea de ideias e temas pensados para aquela área que são tidas em conta até hoje", destacou Sílvia Ramos.

Nó da Arrábida

Um exemplo dos fragmentos desenvolvidos ao longo dos anos a partir desses planos é o nó da Ponte da Arrábida, um dos principais pontos de saída do Porto e que "é alvo de tantas críticas". Segundo a arquiteta Sílvia Ramos, o problema ocorre quando, de um projeto, apenas uma parte é concretizada: "O nó, na sua conceção, não é assim tão desconectado da realidade. A ele estava associada toda uma construção envolvente que não se concretizou. E isso deu resultado a um fragmento".

Apesar de o termo “Via Panorâmica” sugerir uma ideia de coesão, esse será um dos poucos elementos que une os vários fragmentos que a compõem e resultam da descontinuidade espacial provocada pela passagem da via rápida.

Fecho do Túnel do Campo Alegre

Mas a importância daquela via para a cidade é talvez o principal “calcanhar de Aquiles” do projeto da passagem do metro naquela área da cidade. O plano de obra previa que o túnel do Campo Alegre fosse encerrado ao trânsito durante três meses. Em reação, e causando um imbróglio entre a Câmara do Porto e a Metro do Porto, o presidente da autarquia admitiu não permitir o fecho “naquilo que estivesse ao seu alcance”. Ao Porto Canal, a Metro do Porto refutou a ideia do fecho do túnel e explicou que o projeto inicial foi entretanto reformulado, no sentido de não comprometer a circulação naquele acesso ao centro.

Souto Moura assina estação, E-learning e parque verde

O estacionamento à superfície entre a Rua do Gólgota, a Rua do Campo Alegre e a Rua de Entrecampos, vai desaparecer. Mas os carros têm os lugares garantidos, uma vez que a Metro do Porto vai construir um parque subterrâneo, a pedido da Câmara do Porto.

A superfície deixa de ser como a conhecemos hoje, e vai dar lugar a um parque verde e um E-learning, um investimento a cargo da Metro do Porto que resulta de uma medida compensatória pelo uso dos terrenos da universidade para a nova linha.

Também subterrânea vai nascer a estação de metro do Campo Alegre, sendo projetada pelo arquiteto Eduardo Souto Moura. A estrutura vai garantir acessos à Rua do Campo Alegre e à Via Panorâmica, junto às faculdades de Arquitetura e de Letras.

Siza prepara integração urbana do Campo Alegre

Álvaro Siza é o arquiteto responsável pelo projeto de integração urbana que visa resolver velhos problemas associados ao Campo Alegre e o enquadramento da futura estação.

+ notícias: Porto

Pedro Duarte diz que quer "revisitar" programa Porto Feliz avançado no mandato de Rui Rio

Em entrevista ao jornal Expresso, o candidato do PSD a presidente da Câmara do Porto e ainda ministro dos Assuntos Parlamentares disse que Rui Rio "é uma fonte de inspiração em muitas áreas" e que pretende "revisitar" o programa Porto Feliz, destinado a combater a exclusão social e que incidiu principaalmente sobre os arrumadores no Porto.

Colisão entre dois carros e dois camiões provoca um ferido na A20, no Porto

Uma pessoa ficou ferida, na manhã desta sexta-feira, após o choque entre dois veículos ligeiros de passageiros e dois veículos pesados de mercadorias, na A20, no sentido Freixo-Arrábida, apurou o Porto Canal junto do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Porto.

Detido suspeito de matar mulher no Bairro da Pasteleira no Porto

A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem suspeito de ter matado, na madrugada de 31 de janeiro no Bairro da Pasteleira, no Porto, uma mulher por motivos alegadamente ligados ao tráfico de droga, anunciou esta sexta-feira esta força policial.