Câmara do Porto aprova avanço da Linha Rubi consciente que prazos vão derrapar e financiamento pode estar em causa
João Nogueira
“Nós temos um problema com a Metro do Porto”, afirmou o presidente da Câmara do Porto, numa resposta aos vereadores da oposição sobre os atrasos e impactos das obras na cidade. Rui Moreira confirmou que autorizou recentemente avanços da Linha Rubi, mesmo consciente que haverá problemas de investimento. O autarca disse ainda estar mais “silencioso" face aos problemas das obras, uma vez que estas estão a ser acompanhadas pela Assembleia Municipal.
"Nós tivemos que autorizar agora o início das obras da linha Rubi. Vamos ter que iniciar, porque a última coisa que o município do Porto pode agora é ser responsabilizado, por aquilo que vai acontecer de qualquer maneira, que a Linha Rubi não vai cumprir com os prazos do PRR", explicou o autarca durante a reunião de executivo desta segunda-feira.
A Linha Rubi tem um orçamento de 435 milhões de euros, proveniente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Mas para que assim seja, a Metro do Porto tem de cumprir os prazos estipulados. Neste caso, a conclusão do traçado tem um limite até o último dia de 2025.
A derrapagem vai acontecer, sublinhou Rui Moreira, que ainda assim autorizou o avanço da obra para que, futuramente, o município não seja responsabilizado. "Se nós agora não autorizássemos a frente de obra, já sei o que iam dizer: Olha, lá foi o presidente da Câmara que não quis a Linha Rubi. Portanto, vamos ter mais obras no Bom Sucesso", disse Rui Moreira, que vai acompanhar já fora do executivo como irá ser paga aquela obra.
Mas as preocupações e críticas foram além da Linha Rubi.
Rui Moreira disse estar mais “silencioso” uma vez que o acompanhamento das intervenções está a ser feito atualmente pela Assembleia Municipal, mas não poupou críticas aos investimentos e decisões do novo traçado do metrobus, na Avenida da Boavista.
Sem ficar indiferente às novas paragens do metrobus na Avenida da Boavista, Rui Moreira soltou: “Vão ser pouco eficientes relativamente ao tempo que nós temos. Normalmente temos chuva, temos vento".
Na Avenida Marechal Gomes da Costa, as estruturas são diferentes e desenhadas pelo arquiteto Álvaro Siza. Mas Rui Moreira manifestou o desagrado: “Deviam ser coisas muito mais leves, muito mais de acordo com aquilo que é hoje a forma como se constroem paragens".
O autarca refutou as responsabilidades e lembrou que, por se tratar de uma empresa pública, as obras da Metro do Porto não necessitam de licenciamento pela Câmara.
"A mesma coisa ocorre com a IP e a CP. As obras em São Bento não têm que ser licenciadas junto do nosso serviço de urbanismo", acrescentou, evidenciando a falta de envolvimento municipal nas escolhas dos projetistas e detalhes do projeto.