Mais de 100 mortos depois de sismo na China
Porto Canal / Agências
O número de mortos causado pelo sismo de magnitude 6,2 que abalou partes das províncias de Gansu e Qinghai, no noroeste da China, na segunda-feira à noite, subiu para 116, informou a imprensa estatal.
O terramoto, ocorrido numa região remota e fria do país, com as temperaturas a chegarem aos 15 graus negativos, deixou ainda mais de 500 pessoas feridas, danificou casas e estradas e interrompeu o fornecimento de energia e as telecomunicações.
A televisão estatal CCTV informou que 105 pessoas morreram na província de Gansu e outras 11 na província vizinha de Qinghai. O terramoto ocorreu a uma profundidade de 10 quilómetros (seis milhas), pouco antes da meia-noite de segunda-feira.
O terramoto atingiu a vila de Jishishan, em Gansu, a cerca de 5 quilómetros de Qinghai. O epicentro foi a cerca de 1.300 quilómetros a sudoeste de Pequim, a capital da China.
As operações de resgate estão a decorrer, de acordo com a imprensa local.
Mais de 300 pessoas foram tratadas por ferimentos até ao início da manhã, segundo a televisão estatal CCTV. Pelo menos 140 pessoas ficaram feridas em Qinghai e outras 397 em Gansu, detalhou a agência noticiosa oficial Xinhua.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos atribuiu a magnitude do terramoto a 5,9.
A CCTV informou que houve interrupções no fornecimento de água e eletricidade, bem como nas infraestruturas de transportes e comunicações.
O terramoto foi sentido em Lanzhou, a capital da província de Gansu, a cerca de 100 quilómetros a nordeste do epicentro.
Os estudantes universitários de Lanzhou saíram apressadamente dos seus dormitórios e permaneceram no exterior, de acordo com publicações nas redes sociais.
Muitos vestiam apenas o pijama numa noite fria de inverno, disse Wang Xi, um estudante da Universidade de Lanzhou que partilhou as imagens.
"O terramoto foi demasiado intenso", descreveu. "Sentia as pernas fracas, especialmente quando descemos a correr as escadas do dormitório".
Tendas, camas dobráveis e edredões estavam a ser enviados para a região, segundo a CCTV. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a um esforço total nos trabalhos de resgate para minimizar o número de vítimas.
A temperatura mínima durante a noite na região foi entre 15 e 9 graus Celsius negativos, informou a Administração Meteorológica da China.
Um vídeo publicado pelo ministério da Gestão de Emergências mostrou trabalhadores em uniformes cor de laranja a usar varas para tentar mover pedaços pesados de betão durante a noite. Outros vídeos difundidos pela imprensa mostram trabalhadores a levantar uma vítima e a ajudar uma pessoa ligeiramente cambaleante a andar, numa área coberta de neve.
O estudante do ensino secundário Ma Shijun saiu a correr do seu dormitório, descalço, sem sequer vestir um casaco, contou a Xinhua. Os fortes tremores deixaram as suas mãos dormentes e os professores rapidamente organizaram os alunos no recreio.
Os terramotos são comuns no noroeste da China, uma região montanhosa que se ergue para formar o limite oriental do planalto tibetano.
Em setembro do ano passado, pelo menos 74 pessoas morreram num terramoto de magnitude 6,8 que abalou a província de Sichuan, no sudoeste da China, provocando deslizamentos de terras e abalando edifícios na capital da província, Chengdu, onde 21 milhões de habitantes se encontravam em confinamento devido a um surto de covid-19.
O terramoto mais mortífero da China nos últimos anos foi um de magnitude 7,9, ocorrido em 2008, que matou quase 90.000 pessoas em Sichuan. O tremor devastou cidades, escolas e comunidades rurais nos arredores de Chengdu, levando a um esforço de reconstrução com materiais mais resistentes que durou anos.