"Levam-nos o ouro que nós temos”. Populares revoltam-se contra transladação de Eça de Queiroz para Lisboa
Porto Canal
“Eça é da Nação, Santa Cruz do Douro é o seu panteão”. A faixa ergueu-se assim que a notícia da transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o panteão chegou a Santa Cruz do Douro, onde o autor está sepultado há 34 anos.
A resolução que concede honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz, uma iniciativa da fundação, impulsionada pelo grupo parlamentar do PS, foi aprovada, por unanimidade, em plenário, no dia 15 de Janeiro de 2021 e desde essa altura que um grupo de cidadãos e alguns membros da família de Eça de Queiroz tem feito tudo para travar esta decisão.
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O Porto Canal conversou com o antigo presidente da junta de freguesia de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas que considera esta “uma perda irreparável”.
“O interior continua a ser cada vez mais pobre. Em vez de nos trazerem mais-valias, para trazer pessoas para o interior, para tornar o interior menos desertificado do que está, levam-nos o ouro que nós temos”, aponta António Fonseca.
Seis dos 19 bisnetos vivos do autor são contra e até já entraram com uma providência cautelar para interromper o processo sendo que em Santa Cruz do Douro está também a correr um abaixo assinado para tentar reverter esta decisão e manter na terra o célebre escritor português. É proposto como alternativa que as honras sejam concedidas através de uma lápide evocativa, sem a mudança dos restos mortais.
“Todas as honras que queiram atribuir a Eça são bem vindas e os restos mortais, o que resta dos restos mortais, por favor, deixem descansar Eça em paz onde ele se sentiu tão bem para quem leu Cidade e as Serras”, afirma o antigo presidente da junta de freguesia.
Apesar destas vozes de protesto o processo continua a avançar, e estão a ser feitas todas as diligências para travar a transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz marcada para dia 27 de setembro.