CPLP: Guiné Equatorial quer presidir à organização e diz que concluiu integração
Porto Canal/Agências
O ministro das Relações Exteriores equato-guineense, Simeón Esono Angue, afirmou este sábado que o seu país quer presidir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), considerando que a Guiné Equatorial é da organização.
"A Guiné Equatorial é estado-membro de pleno direito dos países de língua portuguesa e também podemos acolher a presidência da CPLP porque somos estados-membros", afirmou, em entrevista à Lusa Simeón Esono Angue, à margem da cimeira da organização, que decorre em São Tomé.
"Estamos prontos para acolher a presidência. Eu creio que depois de São Tomé e Príncipe, a Guiné Equatorial deve acolher a presidência da CPLP", acrescentou o chefe da diplomacia equato-guineense.
O país que vai suceder a São Tomé e Príncipe na presidência da CPLP será aprovado no domingo pelos chefes de Estado e de Governo dos países-membros e existem dúvidas sobre qual será o eleito.
A Guiné-Bissau, que se havia disponibilizado na cimeira de Luanda, recuou nas suas intenções e, até ao momento, apenas a Guiné Equatorial manifestou público interesse.
O país "está a participar nesta cimeira com muita honra e muito orgulho porque a Guiné Equatorial concluiu a fase de integração, iniciando uma nova fase de cooperação. Estamos prontos para enfrentar os novos desafios e assumir os papéis na nossa comunidade como qualquer outro estado-membro", afirmou Simeón Esono Angue, recordando que foi cumprido o roteiro de adesão, em 2014.
A entrada do país na CPLP foi muito criticada por ativistas e políticos da organização. A Guiné Equatorial está referenciada por várias organizações internacionais como um país onde os direitos humanos não são cumpridos, a oposição não tem representatividade dos órgãos eleitos e existe nepotismo na gestão dos bens públicos, com vários filhos do Presidente, Teodoro Obiang, em cargos de poder, entre os quais a vice-presidência.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores rejeita essas acusações. "A Guiné Equatorial não tem problemas de direitos humanos", e essas críticas são apenas um "pretexto de alguns países que são inimigos", afirmou.
"Temos a nossa consciência tranquila com o tema dos direitos humanos. A democracia está a funcionar", as "instituições funcionam perfeitamente" e a Guiné Equatorial é "um país democrático de excelência", acrescentou Simeón Esono Angue, recordando que todas as exigências feitas para a integração do país na CPLP foram cumpridas, como refere um parecer aprovado na sexta-feira pelo Conselho de Ministros.
"Já abolimos a pena de morte. Não há pena de morte na Guiné Equatorial" e o "governo tem um programa de ensino da língua portuguesa, estamos a falar português pouco a pouco e há muitos jovens que já falam português", afirmou o ministro, que deu a entrevista, falando também português.
Além disso, "estamos a enviar funcionários do nosso governo para aprender português, aqui em São Tomé e Príncipe, também em Angola e em Moçambique. Estamos num processo do ensino de português muito dinâmico", disse, salientando que a entrada de Malabo na CPLP corresponde também a um desejo antigo.
A Guiné Equatorial foi uma colónia de Portugal até 1777 entregue a Espanha (que a governou até 1968) e há uma "memória positiva" da gestão colonial portuguesa, com o investimento em roças e na agricultura.
"A Guiné Equatorial é um país que já foi colónia portuguesa e estamos a voltar à nossa família", justificou o ministro.
A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no próximo domingo, sob o lema "Juventude e Sustentabilidade".