Vespa europeia avistada no Porto 10 anos depois, mas será que tinha ido embora?

Vespa europeia avistada no Porto 10 anos depois, mas será que tinha ido embora?
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Pedro Benjamim

A presença da vespa europeia na cidade do Porto não é novidade, no entanto, é preciso recuar 10 anos para haver registos no concelho.

O único avistamento catalogado aconteceu em 2013, no Jardim Botânico do Porto. As ocorrências são inseridas no Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF, na sigla inglesa), uma rede internacional fundada em 2001, onde Portugal marca presença desde essa data. Existe ainda uma espécie de Instagram para os amantes da Natureza, o iNaturalist, que partilha avistamentos feitos em contexto de investigação, semanalmente com o GBIF.

A vespa crabro – nome científico da vespa europeia – foi vista desta vez em Serralves, numa visita noturna ao parque para o avistamento de borboletas noturnas, a 1 de julho, conduzida pelo entomólogo João Nunes.

Porto Canal

Entomólogo João Nunes procura borboletas noturnas nas armadilhas montadas em Serralves

Nessa visita noturna apareceu uma vespa europeia. Este avistamento surge 10 anos depois do primeiro e, até agora, único avistamento catalogado na cidade do Porto. No entanto, apesar de não estarem registados, o curador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, José Manuel Grosso Silva, "confirmou que tem registos pessoais da espécie dentro do Parque de Serralves", disse o entomólogo João Nunes ao Porto Canal.

Foi João Nunes quem registou este novo avistamento na cidade do Porto, agora no Parque de Serralves, aquando da visita noturna.

O primeiro registo em território português acontece em 1970 entre Seia e Gouveia, nas encostas da Serra da Estrela, com um espécime preservado. Houve 16 registos no GBIF, desde o início do ano, quatro deles em concelhos do distrito do Porto. A esses junta-se agora este novo avistamento catalogado pelo entomólogo João Nunes.

Em todo o mundo há mais de 136 mil registos georreferenciados de vespa europeia no GBIF. As observações aconteceram maioritariamente na Bélgica, Países Baixos, no Noroeste de França, Sul de Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, além de haver registos um pouco por toda a Europa, bem como na zona Este dos Estados Unidos da América.

Porto Canal

Mapa de avistamentos da vespa europeia disponível no GBIF

O avistamento

Na visita noturna ao Parque de Serralves, para ver borboletas noturnas, foram montadas armadilhas - uma lâmpada acesa e caixas de ovos sobre um lençol branco -, para a observação à luz. "Estamos com o método da luz, o método de amostragem noturno, e aparentemente a vespa velutina, que é a vespa asiática, não é muito atraída pela luz, mas nos números que ela aparece em Serralves até estava à espera de ver. O próprio José Grosso Silva já a registou à luz, pontualmente. E a única que me aparece foi a [vespa] europeia", aponta surpreendido João Nunes.

Os primeiros avistamentos de vespa asiática aconteceram nos distritos de Braga e Viana do Castelo, em 2011. Hoje em dia pode consultar a ferramenta STOPvespa, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com o objetivo de identificar e controlar a presença da vespa asiática em Portugal Continental, através da georreferenciação online dos avistamentos e dos ninhos desta espécie exótica invasora.

A presença de vespa asiática (vespa velutina) nas cidades é superior, em contraste com a vespa europeia (vespa crabro) havendo vários fatores para que tal aconteça. “Tem que haver sempre algum tipo de perturbação, entenda-se humana, ou algum incêndio, mas geralmente de origem humana ou de mão humana efetiva, para que a espécie invasora consiga entrar e daí ela estar mais presente nos centros urbanos”, detalha o entomólogo.

Ninho de vespas

Além da dimensão do espécime, também as especificidades do ninho têm um papel preponderante para a presença superior nas cidades. "A vespa asiática consegue ganhar mais terreno onde a vespa europeia não está e a vespa europeia como é mais exigente do ponto de vista da construção dos ninhos, no meio urbano está em menor densidade”, aprofunda João Nunes.

Para a formação do ninho, "a vespa europeia ocupa uma cavidade", já "a vespa asiática é uma colmeia pendurada, aquela colmeia típica dos filmes de animação". O ninho da vespa velutina "começa pequeno, pode ser do tamanho de uma bola de andebol, mas rapidamente, no espaço de um ano pode ficar do tamanho de um balão de São João", diz o entomólogo.

 
 
 
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