Congresso do PAN em Matosinhos. Opositores da liderança criticam postura face ao PS e apoiantes da direção denunciam ataques à porta-voz

Congresso do PAN em Matosinhos. Opositores da liderança criticam postura face ao PS e apoiantes da direção denunciam ataques à porta-voz
| Política
Porto Canal / Agências

Os delegados ao IX Congresso do PAN trocaram este sábado argumentos sobre as candidaturas à liderança, com a oposição a criticar a postura do partido face ao PS e os apoiantes da direção a condenarem os ataques à porta-voz.

Durante o período de debate das moções globais de estratégia apresentadas pelos candidatos à liderança – Inês de Sousa Real, recandidata a porta-voz, e Nelson Silva, ex-deputado - o filiado Rui Prudêncio defendeu a necessidade de “acabar definitivamente com esta imagem que perdura na sociedade civil do PAN espécie de ‘Verdes’ do PS” e pediu que o partido faça uma oposição “forte” aos socialistas e ao Governo, nomeadamente no que toca ao Orçamento do Estado (em cujas votações o PAN se tem abstido).

Este apoiante de Nelson Silva, defendeu a abertura do PAN à sociedade civil para “trazer para dentro do partido conhecimento técnico e científico”, bem como “aproveitar muita gente que está no PAN que tem esse conhecimento, mas está desprezado porque não faz parte da ‘guest list’”.

No mesmo sentido, o delegado José Franco considerou que neste Congresso, de um dia, “não existe possibilidade de se debater o que quer que seja” e falou em “filiados de primeira e de segunda”.

“Os que estão debaixo da influência direta da direção são os de primeira, aqueles que não o podem fazer, esses são obrigados a bater-se pela democracia no PAN, são os de segunda. E existem ainda os de terceira, que nunca têm possibilidade de representação de nenhuma espécie por estarem afastados dos grandes centros”, criticou, considerando não existir “democracia plena”.

Maria João Sacadura, de Faro, falou em “atropelos nas filiações” e para Vítor Pinto, da distrital de Setúbal, uma abstenção no Orçamento do Estado é dar “a chancela verde ao PS” e “vender a causa ambiental”.

O delegado Nelson Batista questionou se a atual direção “não tem um pingo de vergonha” quando diz que se orgulha das redes sociais do PAN, denunciando que pessoas são “excluídas arbitrariamente dos grupos” e há “comentários apagados”.

“Hoje tentam calar pessoas como eu e apoiantes da lista B, mas no dia que vocês deixarem de apoiar incondicionalmente a elite do partido, não duvidem que vos vão calar a vocês”, afirmou, dirigindo-se aos apoiantes da lista de continuidade.

Pelos apoiantes da atual direção, Bebiana Cunha, membro da Comissão Política Nacional e mandatária da candidatura encabeçada por Inês de Sousa Real, denunciou “ataques de filiados à porta-voz do PAN”, referindo que já causaram preocupação ao Partido Verde Europeu, que pediu “estabilidade, compromisso, continuidade, credibilidade”.

“Isso é o que a lista A traz a este Congresso”, salientou a ex-líder parlamentar.

A delegada Ana Lúcia criticou a oposição à atual direção, referindo que a corrente interna “Mais PAN”, que apoia Nelson Silva, tem “muita estratégia, muita ‘partidarite’ interna para uma moção” e que lhe “falta chama”.

Rafael Pinto, membro da Comissão Política Nacional, salientou que o PAN conseguiu “em tempo recorde” um convite para se tornar “membro associado” do partido político europeu “European Greens”, o que vai acontecer “dentro de duas semanas em Viena”.

Margarida Paulos, deputada municipal em Almada, criticou quem diz “que o PAN deve ser menos animalista”, defendendo que “o tempo é de dar mais voz à causa animal, e não menos”.

Liliana Vieira, da distrital de Leiria, defendeu que “para o PAN continuar a crescer é fundamental a manutenção desta porta-voz” e o filiado Jorge Ribeiro enalteceu o “excelente trabalho de Inês Sousa Real na Assembleia da República”, criticando aqueles que “prejudicam a imagem do PAN junto da opinião pública”.

No final da discussão, Inês de Sousa Real lembrou que o PAN teve de reapresentar a candidatura ao Partido Verde Europeu após a desfiliação do eurodeputado Francisco Guerreiro e defendeu que a adesão “vai ser muito positiva” para as causas que o partido defende.

Por seu turno, Soraya Ossman, número dois da lista de Nelson Silva, defendeu que “urge que o partido mude de postura em relação ao Governo socialista”, apontando que “a política de pequenas conquistas em troco da viabilização de Orçamento dos Estado fragiliza a imagem do partido”.

Durante o debate, a presidente da Mesa anunciou que seria possível aos cerca de uma dezena de filiados que não são delegados, e que estava a acompanhar o Congresso noutra sala, passar a estar no auditório onde decorrem os trabalhos, o que levou os apoiantes da lista B a aplaudirem de pé quando entraram na sala.

Após a pausa para almoço, foram também votados vários votos de saudação e congratulação, incluindo pelo trabalho desenvolvido no parlamento e pelos progressos no bem-estar animal da última década.

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