Bens alimentares vão continuar a subir? Supermercados deixam de absorver aumento de preços dos produtores

Bens alimentares vão continuar a subir? Supermercados deixam de absorver aumento de preços dos produtores
| Economia
Porto Canal

Os supermercados, que amorteceram a inflação durante meses e, com isso, perderam margens de lucro, já estão a passar, desde o mês de março, a totalidade do aumento de preços nos produtores para os consumidores finais, segundo a ferramenta de monitorização dos preços dos alimentos, desenvolvida pelo Eurostat para todos os países europeus.

Após subidas a pique dos preços junto dos produtores desde o início da guerra na Ucrânia, a inflação nos campos agrícolas tem vindo a baixar drasticamente, situando-se em 20% no mês de março, a mesma inflação que passa para as grandes superfícies e chega ao consumidor final. Ou seja, a grande distribuição, bem como o pequeno comércio, deixou de amortecer a subida de preços provocados pelos produtores dos bens alimentares.

Segundo a Eurostat, há mais de um ano que a guerra na Ucrânia fez com que a inflação fosse muito mais intensa nos campos agrícolas do que nos próprios supermercados. A Ucrânia mal conseguiu exportar a sua produção agrícola, causando uma forte subida nos preços dos produtos alimentares. E Portugal não foi exceção, com a inflação dos alimentos a atingir o pico em setembro do ano passado, chegando a registar 36%. Nunca antes os preços subiram a um ritmo tão profundo, desde que existem dados da inflação.

Ao contrário do que muitos diziam, a grande distribuição até amorteceu os preços finais ao consumidor e perdeu margens de lucro para conseguir continuar a vender os produtos. Os números vêm dar razão aos responsáveis da grande distribuição que se queixaram, ainda antes das medidas como o IVA zero, de estarem a ser crucificados na praça pública pelo Governo e, especialmente, pelo ministro da Economia.

António Costa Silva, ministro da Economia, prometeu, em março de 2022, “ser inflexível” se encontrasse alguma situação anómala no setor alimentar e, por isso mesmo, lançou uma forte investida aos supermercados através da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, enviou uma carta aos trabalhadores preocupada com uma “campanha de desinformação sobre as causas da inflação alimentar, com danos gravosos para a reputação do setor da distribuição alimentar", referindo que o Continente baixou as suas margens "para acomodar o aumento dos custos, que também nós sofremos”.

O mesmo aconteceu com o presidente do grupo Jerónimo Martins. O dono do Pingo Doce acusa o Governo de fazer “teatro” com inspeções da ASAE e classifica as afirmações do ministro da Economia como "muito infelizes, de quem anda um bocado fora do mundo real".

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