Movimento Boicote & Cerco rejeita uso de violência para suspender provas
Porto Canal / Agências
Lisboa, 22 jul (Lusa) -- Um responsável do movimento de professores Boicote & Cerco garantiu hoje que não será usada violência para impedir a prova de avaliação aos contratados, mas disse esperar que o exame seja suspenso no maior número de escolas.
"[Vamos tentar] reunir os professores que não tenham de realizar a prova e os que não estão a vigiar os colegas à porta das escolas para tentar, de todas as formas possíveis e imaginárias - sem que se apele a qualquer tipo violência - criar condições para que a prova tenha realmente de ser suspensa no máximo de escolas possível", disse Francisco Rodrigues, em declarações à agência Lusa.
Cerca de quatro mil professores contratados estão inscritos para a prova de avaliação que decorre hoje de manhã, teste que tem sido alvo de forte contestação por parte dos sindicatos.
O ministério anunciou com três dias úteis de antecedência a data da prova de hoje, que decorre às 10:30 para todos os professores contratados com menos de cinco anos de serviço que não a puderam fazer a 18 de dezembro passado devido a boicotes.
De acordo com o responsável do movimento, será feito, à porta das escolas, um apelo aos professores que vão vigiar a prova e aos contratados que vão fazer o exame de avaliação para suspender "por todas as formas" a realização da prova.
Além disso, o pedido será apresentado também aos professores que não estão nem numa nem noutra situação, mas que se sentem solidários.
Francisco Rodrigues sublinhou não fazer sentido os professores submeterem-se à realização de uma prova "humilhante e degradante", considerando que o exame demonstra "na realidade" que a hipótese de os professores contratados poderem um dia exercer a profissão "é nenhuma".
"Vamos tentar que os que vão fazer a prova percebam que [a prova] não passa de uma forma que o Governo arranjou de utilizar mais um número elevado de professores, retirando-os do sistema", disse à Lusa, explicando que, com esta atitude, os professores contratados "não têm qualquer hipótese de aceder à carreira, nem sequer de ser colocados para substituições temporárias".
Francisco Rodrigues alertou também para o facto de este ano o Governo se ter concentrado nos professores que têm menos de cinco anos de serviço, advertindo que a sua intenção é "alargar esta prova a todos".
O objetivo é "ir-se livrando daqueles que estão a mais no sistema, quando na realidade não há professores a mais, há é escola a menos", criticou.
Francisco Rodrigues garantiu ainda que a 'proibição' do Ministério da Educação de realização de reuniões sindicais nas escolas ao mesmo tempo que decorre a prova de avaliação não surpreendeu o sindicalista.
"O 'quero, posso e mando' é regra fundamental de funcionamento deste Governo, o atropelo às leis fundamentais, nomeadamente à Constituição, que está constantemente presente nas decisões e deliberações deste Governo", frisou.
Aurora Lima, professora que está a 'liderar' o Movimento em Lisboa, revelou à Lusa que na Escola Manuel da Maia, em Campo de Ourique, o "boicote" está a decorrer "muito bem", salientando que tanto os professores, como os delegados sindicais estão prontos para a reunião.
"Aquilo que sabemos é que há professores vigilantes com a intenção de se juntar à reunião sindical", avançou Aurora Lima.
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