O Bispo do Porto entregou, no passado dia 10 de março, à Procuradoria Geral da República a lista dos padres suspeitos de cometerem abusos sexuais, tal como a recebeu da Comissão Independente.

Segundo um comunicado enviado às redações, a Diocese do Porto explicou que “sendo as vítimas e o seu sofrimento a prioridade da Igreja e desta Diocese do Porto, fiel ao princípio da tolerância zero perante os abusos sexuais de menores, no passado dia 10 de março, o Bispo do Porto entregou à Procuradoria Geral da República a lista dos eventuais abusadores, tal como a recebeu da Comissão Independente. Ao mesmo tempo, recolheu todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes lá constantes. Reuniu com cada um deles e procedeu à realização de um “inquérito preliminar”".

A Diocese do Porto acrescentou ainda que Manuel Linda entregou “pessoalmente no Dicastério para a Doutrina da Fé (entidade da Igreja Católica juridicamente competente para tratar os casos de abusos sexuais de menores) toda a documentação”.

Recorde-se que a lista de alegados abusadores continha 12 nomes, quatro dos quais já faleceram, um já não pertence à diocese e os restantes estão a ser investigados.

Em declarações ao Porto Canal, o Diretor do Gabinete de Comunicação da Diocese do Porto, Padre Jorge Duarte, explicou que “isto é um processo onde o Bispo do Porto está a aplicar tolerância zero no que se refere aos abusos sexuais de menores e de pessoas vulneráveis”.

Padre Jorge Duarte explicou ao Porto Canal que “o Bispo do Porto comunicou a lista que recebeu da Comissão Independente, fez uma investigação prévia que levou ao afastamento de três padres, quanto aos outros quatro não sei o que se passa”.

De seguida, o processo seguiu os trilhos normais que “foi entregar à Procuradoria Geral da República e em Roma no Dicastério para a Doutrina da Fé, que é a entidade que em última instância avalia estes casos”.
Questionado sobre os quatro padres que ainda continuam no ativo, o Padre Jorge Duarte explicou que “ou ainda não há indícios fiáveis que leve o Bispo a afastá-los ou ainda continuam em investigação”.

O Diretor do Gabinete de Comunicação da Diocese do Porto realçou que “a lista foi entregue na totalidade para que o Ministério Público possa descobrir o que se passa com todos”. “Toda a informação foi entregue na documentação para que em Roma se decida e no Ministério Público também possa seguir a investigação”, afirmou.

Relativamente aos próximos passos, Padre Jorge Duarte garantiu que o “empenho primeiro é o apoio às vítimas” e no caso de existirem mais vítimas, o Padre, espera que “elas ganhem coragem, porque é sempre um pesadelo para denunciar os abusos”.

“O Bispo está empenhadíssimo no apoio” e este “comunicado revela que o tema não está esquecido nem abafado”. “É preciso uma decisão muito forte de que isto no futuro não volte a acontecer”, lembrou Padre Jorge Duarte.