“Só é possível ter carreira na urgência se houver especialidade”, diz diretor de urgência do São João
Porto Canal
Nélson Pereira, diretor do serviço de urgência do Centro Hospitalar de São João, no Porto, disse esta quinta-feira “só é possível ter carreira na urgência se houver especialidade”. O diretor do serviço de urgência do São João falou à margem da primeira edição da conferência “SNS Summit” que está a decorrer no Hospital de Santa Maria em Lisboa.
“Eu posso ter uma carreira sem ter uma especialidade, mas na organização atual que nós vivemos, de facto, não é possível para quem tem outra especialidade progredir na sua carreira porque não cumpre a sua especialidade”, disse Nélson Pereira, acrescentando que é possível organizar um outro modelo onde as duas coisas não estejam necessariamente sobrepostas.
Mas, na opinião do médico de medicina interna “é preciso as duas coisas”. “É preciso a especialidade e é preciso a carreira”, frisou.
No mesmo encontro, Nélson Pereira apresentou um pacote com 16 sugestões para a reforma nos serviços de urgência que será estudada e implementada pela Direção Executiva do SNS. Segundo o jornal ‘Observador’, o diretor do serviço de urgência do São João sugeriu que é necessário:
- Investimento em campanhas nacionais de promoção da literacia e informação da população com vista ao uso mais racional dos serviços de urgência;
- Aumentar a resposta dos doentes agudo não urgente em contexto extra-hospitalar;
- Reforçar o alinhamento de respostas locais entre os cuidados de saúde hospitalares e cuidados de saúde primários através do alargamento do modelo de Unidade Local de Saúde;
- Atualização dos algoritmos de referenciação do INEM e da Linha de Saúde 24. Estabelecimento de um sistema de informação único partilhado;
- Implementação progressiva do modelo de urgência referenciada e regulação do acesso ao serviço de urgência hospitalar por doentes não urgentes;
- Estabelecimento de equipas dedicadas no serviço de urgência;
- Implementação do modelo de gestão com centros de responsabilidade integrada nos serviços de urgência;
- Criação da especialidade de medicina de urgência;
- Alargamento do modelo de urgências metropolitanas;
- Implementação de um regime fiscal especial, com garantia de contabilização das horas extraordinárias em serviço de urgência para fins de tempo de serviço ou reforma;
- Criação de uma rede de transporte inter-hospitalar de doentes graves;
- Definição de um modelo transversal de gestão para admissões, camas e altas em cada instituição hospitalar;
- Prioridade aos modelos alternativos à hospitalização clássica tradicional;
- Aumento da capacidade de resposta da rede nacional de cuidados continuados e da Segurança Social aos doentes com critérios de alta clínica;
- Otimizar as ligações inter-institucionais (cuidados continuados, cuidados de saúde primários e Misericórdias), evitando sobreposições e perdas de rede;
- Criação de um programa de investimento para requalificação das urgências hospitalares.