Este é o anel híbrido que vai ser criado em Campanhã para “afastar os automóveis”
Pedro Benjamim
A mobilidade é um dos pontos essenciais para o novo Plano de Urbanização de Campanhã (PUC), que tem a Estação de Campanhã como ponto central e quer afastar o automóvel, sendo criado um ‘anel híbrido’ ao redor dela.
“A ideia do anel híbrido é evitar que as diferentes formas de mobilidade entrem demasiado em conflito com a estação. Portanto que produza a relação entre os distintos bairros, isto significa, ‘coser’ as ruas existentes”, refere Joan Busquets, o arquiteto catalão responsável por desenhar o novo Plano de Urbanização de Campanhã, em entrevista exclusiva ao Porto Canal.
“O mais importante deste anel é que se multiplique, que se possa chegar à estação de muitas maneiras e de diferentes formas de mobilidade”, defende o urbanista catalão, que, além do PUC tem também a nova estação de Alta Velocidade de Campanhã, bem como a requalificação da estação ferroviária de Coimbra-B.
Imagem do 'Anel Híbrido' ao redor da Estação de Campanhã (documento cedido ao Porto Canal pela BAU-B Arquitectura i Urbanisme.SLP)
O ‘anel híbrido’, prevê o plano, será composto, de acordo com aquilo que está construído ao dia de hoje, pela Rua do Padre António Vieira (amarelo), Rua de Godim (amarelo e vermelho), Rua Pinheiro de Campanhã (vermelho) e Rua do Freixo (verde).
“O anel tem cores distintas porque tem papéis distintos, não é uma circular, é uma ligação entre os diferentes bairros”, frisa o arquiteto catalão de 77 anos adiantando que as novas vias terão zonas para bicicletas além de árvores já que “há que fazer uma cidade mais agradável às pessoas”.
A grande alteração estará na zona a vermelho, com a construção de um ‘túnel’ para fazer a ligação entre a Rua de Godim e a zona do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC). Esta nova ligação acontecerá debaixo da ferrovia, junto ao armazém Oriente 2000, onde agora existe uma passagem pedonal por cima da via.
Efeito Borboleta
O ‘anel híbrido’ tem de um lado a Rua do Freixo e terá do outro o ‘túnel’, que, de acordo com o arquiteto Joan Busquets, terá um papel preponderante no controlo do fluxo rodoviário que se faz sentir na artéria, que desce da Estação de Campanhã à rotunda do Freixo, junto ao rio Douro.
“A Rua do Freixo é uma rua que está com um trânsito excessivo. No entanto, é uma rua que, com pequenas modificações, pode reduzir o trânsito e tornar-se numa rua como era há cerca de 150 anos”, defende o pensador do plano.
Diz Joan Busquets que “o pequeno túnel, permitirá que certos autocarros passem por lá e não passem pela Rua do Freixo”.
A vermelho está a zona onde será construído o novo 'túnel', que vai unir os dois lados passando debaixo da linha ferroviária
“Hoje em dia não faria a VCI”
O também professor de planeamento urbanístico aponta que se tivesse uma tela em branco a VCI não teria nascido. “O sistema de anel da VCI, hoje em dia provavelmente não o faríamos, mas está lá e serve para os fluxos de longa distância, mas temos de conseguir que estes elementos não sejam os prioritários no funcionamento da cidade”, diz Joan Busquets.
O Plano de Urbanização de Campanhã está neste momento em período de participação preventiva até ao dia 29 de março. As sugestões, pode ler-se em Diário da República, devem ser feitas “mediante requerimento dirigido ao Presidente da Câmara, devidamente identificado, presencialmente no Gabinete do Munícipe, através dos correios ou para o seguinte endereço de correio eletrónico: dmpot@cm-porto.pt”.
O PUC “representa uma verdadeira revolução urbanística”, disse o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na apresentação, a 17 de março. O plano vem a par do projeto de Alta Velocidade e, de acordo com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, naquela que seria a primeira intervenção pública no cargo, afirmava que “vai ser criada cidade à volta da Estação de Campanhã”.