Movimento insiste na criação de jardim nos terrenos da estação da Boavista no Porto
Porto Canal/Agências
O Movimento Cívico por um Jardim Ferroviário na Boavista, do Porto, reforçou esta terça-feira a necessidade de ser criado um jardim, preservando os espaços verdes e permeáveis da cidade, nos terrenos da antiga estação ferroviária da Boavista.
Numa carta aberta dirigida à Câmara Municipal do Porto e aos ministérios do Ambiente e das Infraestruturas, o movimento volta a pedir que os terrenos da antiga estação "não sejam cedidos para outro fim que não seja a preservação dos espaços verdes e permeáveis da cidade".
Lembrando que a sete de janeiro a cidade "foi assolada por uma inundação inesquecível", o Movimento Cívico por um Jardim Ferroviário na Boavista afirma que, apesar de ainda não serem conhecidas as causas, a "extrema impermeabilização do solo" foi um fator "agravante do desastre".
"A cidade do Porto não está a preparar-se devidamente para este tipo de fenómenos e outros consequentes do aquecimento global, e prova disso é a cedência e autorização dada para a construção de um grande centro comercial num dos últimos grandes terrenos públicos no centro da cidade", observa o movimento, que é a favor de um jardim público nos terrenos onde o Corte Inglés tem intenção de construir um armazém comercial.
"Ainda não é tarde demais para voltar atrás", destaca o movimento, apelando para que o Plano Diretor Municipal (PDM) seja alterado para garantir um jardim nos terrenos da antiga estação ferroviária.
"Ainda vamos a tempo de impedir um desastre pior que o do dia sete de janeiro", acrescenta.
O concelho do Porto registou, a sete de janeiro, em menos de duas horas, 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas, principalmente na baixa da cidade, disse no dia à Lusa fonte da Proteção Civil local.
As enxurradas causaram também danos em algumas habitações na zona das Fontainhas.
Um despacho publicado, a 08 de fevereiro de 2022, em Diário da República dava conta de que a antiga estação ferroviária da Boavista seria demolida no âmbito da desafetação do domínio público de vários edifícios da Infraestruturas de Portugal (IP) para ser construído um El Corte Inglés.
A IP e o El Corte Inglés celebraram, a 21 de setembro de 2021, o quinto aditamento ao contrato promessa de constituição de direito de superfície, decorrente do PIP aprovado em 2020 pela câmara.
A cadeia espanhola já pagou 19,97 dos 20,82 milhões de euros fixados há mais de duas décadas, tendo por base um PIP aprovado em 2000 pela Câmara do Porto.